quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

VLT elétrico ITAIPU - BOM SINAL

Itaipu quer desenvolver cadeia do carro elétrico Eles são silenciosos, econômicos, funcionam sem emitir CO2 ou qualquer outro gás. Além disso, não dependem de combustíveis fósseis. Acenando com a perspectiva de menor impacto sobre o meio ambiente, os carros elétricos já são realidade no mercado internacional e começam, aos poucos, a circular no país. Praticamente todas as montadoras já contam com modelos elétricos que, em comum, compartilham sofisticação e preços salgados. No Brasil, esses automóveis são importados das matrizes, introduzidos mais para apresentação da nova tecnologia, como o Chevrolet Volt, o Ford Fusion Hybrid, o Leaf, da Nissan, o Toyota Prius e o Lexus CT200h. Carga tributária e baixos volumes elevam os preços para patamares acima de R$ 100 mil e, por isso, tão cedo as empresas não pretendem produzi-los no país. A exceção é a Fiat, que desde 2007 fabrica aqui um modelo elétrico, em parceria com a Itaipu Binacional. O primeiro protótipo foi um Palio Hatch, seguido do modelo Palio Weekend. Já foram fabricadas 50 unidades e outras 70 serão produzidas até 2015. A Fiat, que investiu US$ 10 milhões no projeto, produz a carroceria em Betim (MG) e importa todo o kit elétrico (motor, bateria, inversores, carregadores e câmbio). O veículo é montado no Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Montagem de Veículos Elétricos, na sede da Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR). "Na nova leva, os suportes e chicotes elétricos vão ser produzidos no Brasil e a Weg Motores já está trabalhando em um projeto de nacionalização do motor, enquanto Itaipu está desenvolvendo um projeto, de longo prazo, para nacionalização da bateria", diz Leonardo Cavaliere, supervisor de veículos especiais da Fiat. O automóvel tem velocidade máxima de 130 km, autonomia entre 100 km e 120 km e a recarga completa de sua bateria é feita em 8 horas. Testado no Paraná, seu consumo de energia chegou a R$ 8 para cada 100 km rodados, contra cerca de R$ 28 de um automóvel semelhante a gasolina para a mesma distância. A montadora foi uma das primeiras empresas a se associarem ao projeto de veículo elétrico da Itaipu Binacional, que contempla vários segmentos, além do automóvel - caminhão, miniônibus, ônibus, utilitário 4x4, veículo leve sobre trilhos (VLT) e avião -, com investimento total, por parte da estatal, de cerca de US$ 6 milhões. Iniciado em 2005, a partir de um acordo de cooperação tecnológica com a Kraftwerke Oberhasli AG (KWO), controladora de hidrelétricas suíças, o projeto baseou-se em tecnologia existente na época na Suíça. A KWO já utilizava veículos elétricos para o deslocamento de suas equipes de operação e manutenção em suas nove hidrelétricas, na região dos Alpes, cujo acesso por veículos, no inverno, inclui 120 km de túneis. A intenção é colocar no mercado brasileiro, a médio prazo, um veículo confortável e eficiente a preço de carro popular. Até lá, porém, há uma longa distância, pois o Palio Weekend elétrico custa hoje R$ 200 mil e os compradores são, na maior parte, empresas integrantes da cadeia de parceiros do projeto. "A meta é desenvolver e colocar à disposição de empresas brasileiras uma solução para cada segmento que esteja ao alcance da população", diz o engenheiro Marcio Massakiti Kubo, coordenador do projeto de P&D do veículo elétrico da Itaipu. Entre os parceiros do projeto estão as concessionárias de energia Copel (Companhia Paranaense de Energia), Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), Chesf, CPFL, Light, grupo CEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica, do Rio Grande do Sul) e Furnas, além das duas sócias de Itaipu, Eletrobras e a paraguaia Administración Nacional de Electricidad (Ande). São também parceiros Petrobras, Correios e as empresas Weg, Moura, Massarello, Bom Sinal, Iveco, Agrale, Euroar e o grupo italiano Fiamm. A principal diferença em relação aos modelos internacionais é uma bateria de sódio, totalmente reciclável e que tende a ser mais barata do que as baterias à base de lítio, predominantes nos demais modelos elétricos. O propósito é desenvolver essa tecnologia no Brasil e torná-la disponível a uma empresa nacional para fabricação no país. As baterias usadas no Palio Weekend elétrico, da marca Zebra (Zero Emission Battery Research Activity), são importadas da Fiamm Sonick. "O objetivo é o domínio do processo de fabricação dessa bateria, que será produzida pelo Parque Tecnológico de Itaipu em escala laboratorial dentro de dois a três anos", diz Massakiti Kubo. A bateria, que representa cerca de 40% do custo do veículo, é hoje um dos principais gargalos do carro elétrico no mundo todo.
Para Cavaliere, da Fiat, ainda falta muito para que seu veículo elétrico seja fabricado em escala comercial no país. Antes disso, é preciso criar uma rede nacional de fornecedores e a infraestrutura para recarga dos veículos. Também faltam, segundo ele, incentivos à produção, como ocorre em outros países. "Ainda é cedo para se prever um mercado de veículos elétricos no Brasil. É preciso um ambiente pronto para recebê-los", afirma. Já Reinaldo Muratori, diretor de engenharia e planejamento da Mitsubishi, considera os carros elétricos um caminho irreversível no país e no mundo. Ele acredita que até 2020 seu custo alcance o de um modelo convencional e a produção atinja entre 10% e 30% do total mundial. Junto com outras montadoras, a empresa tenta convencer governo e Legislativo brasileiros a mudar a tributação do carro elétrico, que paga uma das tarifas mais elevadas, acima de 75%. A Mitsubishi trouxe para o país, até o início de 2011, sete unidades do o iMiEV, que começou a ser fabricado em 2009 e já atingiu o volume de 30 mil unidades vendidas em outros países. Sem a margem do fabricante, o modelo custa aqui R$ 200 mil. Sem os impostos, poderia chegar por R$ 80 mil. A GM trouxe cinco unidades do Chevrolet Volt, também para demonstração e não tem planos de comercializá-lo no país. O projeto da Itaipu prevê a criação de um ambiente propício aos veículos elétricos, desde a produção até o pós-venda, incluindo a formação da cadeia produtiva e uma rede de eletropostos para recarga das baterias. Desenvolvido em 2008, o eletroposto - um totem de recarga, com uma tomada - viabiliza a venda de energia nas cidades e estradas por meio de cartões pré-pagos ou outros tipos de pagamento e destina-se ao sistema de recarga lenta, de oito horas. Os veículos podem também ser abastecidos por meio de tomada residencial. Podem, ainda, fazer recarga rápida, por meio de um banco de baterias, com sistema de gestão de energia para absorver suavemente a energia da rede elétrica. No momento da recarga (em um posto de combustível, por exemplo), a energia armazenada pode ser transferida rapidamente para a bateria do carro. Outra possibilidade é um sistema de troca rápida de bateria, testado em uma viagem de 700 quilômetros, de ida e volta entre Foz do Iguaçu e Assunção, no Paraguai, em 2009, para simular uma rede de postos ao longo das estradas. Foram feitas seis trocas. "Simulamos um modelo de negócio. A troca é feita em dois minutos, não dá nem tempo de ir ao banheiro", diz Massakiti Kubo. Em parceria com a Iveco, do grupo Fiat, Itaipu desenvolveu também o primeiro caminhão elétrico da América Latina, o Daily Elétrico cabine dupla, com autonomia de 100 km, velocidade máxima de 70 km por hora, capacidade para até 7 pessoas e carga de 2,5 toneladas, que utiliza 3 baterias Zebra. A tecnologia pode ser aplicada em qualquer versão do Iveco Daily, seja chassi-cabine, furgão ou chassi de ônibus. Foram feitos dois protótipos, que rodam para execução de serviços internos de Itaipu, em uma associação que começou em 2009. "Estamos desenvolvendo essa tecnologia para que o Brasil possa virar referência em veículos elétricos no futuro. No exterior, estamos tendo resultados muito bons", diz Fabio Nicora, engenheiro sênior de produto da área de inovação da Iveco, que já produz alguns modelos elétricos na Alemanha, Espanha, Itália e Holanda. Com a Iveco e a paranaense Mascarello, criou o primeiro miniônibus elétrico do país, para 17 passageiros. Outras criações foram o utilitário 4x4 Marruá elétrico, em parceria com a gaúcha Agrale e a Stola do Brasil, e o primeiro ônibus híbrido (eletricidade e etanol), para 54 passageiros, que envolveu as empresas Mascarello, Weg, Mitsubishi, Euroar, Eletra, Tutto Transporti e Magneti Marelli. Os projetos mais recentes são a eletrificação do veículo leve sobre trilhos (VLT) produzido pela brasileira Bom Sinal e do avião ACS 100 Sora, modelo esportivo de dois lugares da ACS Aviation, de São José dos Campos (SP). Será o primeiro avião elétrico da América Latina e deve decolar da pista de Itaipu, em Foz do Iguaçu, no segundo semestre deste ano, para os primeiros testes.
Fonte - Valor Econômico 20/02/2013

John Perkins - Assassino Econômico

John Perkins - Assassino Econômico

sábado, 16 de fevereiro de 2013

EDUARDO CAMPOS PRIVATIZA A COMPESA - PERNAMBUCO


Eduardo Campos, na eleição do ano passado, após acusação de Humberto Costa, que afirmou no guia eleitoral do PT que a COMPESA-Companhia Pernambucana de Saneamento seria privatizada, negou veementemente a acusação, chegou mesmo a colocar uma nota pública(com dinheiro do contribuinte, claro!), divulgada nas TVs, rádios e jornais, desmentindo a intenção de privatizar a mencionada empresa de saneamento.Pois bem, hoje o governo do Estado de Pernambuco assinou o contrato da PPP(privatização) da COMPESA, contrato esse que trará enormes prejuízos para a população tais como:
- O negócio da PPP da Compesa está estimado em 16,7 milhões ao longo de 35 anos, negócio este que a Compesa perderá. Ainda será garantida uma TIR (taxa interna de retorno) de 8,3% para a empresa “parceira” (taxa maior que a do mercado, ou seja, rendimento assegurado).
- O pagamento da empresa será feito pelo volume que for faturado (e não pelo valor pago pela população). Em outras palavras, mesmo que alguém deixe de pagar a sua conta de água, o governo terá que pagar a empresa vencedora o valor integral acordado. Hoje, a taxa de inadimplência média da Compesa é de 18%.
- Lucro mesmo sem construir nada: no primeiro ano a empresa parceira ficará com 50% do faturamento. No segundo ano, com 70%. E, a partir do terceiro ano, com 90%. Como a inadimplência histórica da Compesa gira em torno de 18%, o governo terá um prejuízo mensal de, pelo menos, 8% a partir do terceiro ano de contrato.
- O Governo de Pernambuco também continuará responsável pela execução de obras, no valor de R$ 1 bilhão, durante os primeiros quatro anos da PPP. Estas obras deverão ser entregues depois de prontas para a empresa explorar e aumentar os lucros. Caso haja atrasos nas obras, a empresa parceira receberá de qualquer maneira, pois, como está no estudo de viabilidade e contrato, o fluxo de caixa frustrado por atraso deve ser pago e arcado pelo governo.
- As áreas mais pobres do Recife também não serão beneficiadas pelo acordo. Pelo contrário, a PPP exclui as obras em 20% da capital pernambucana.
Mas não se espante, não, que, brevemente, virão outras privatizações, tais como do LAFEPE, UPE, DER.Eduardo Campos em nada se diferencia dos tucanos.

Compesa assina contrato da PPP do saneamento
Consórcio Grande Recife, liderado por empresa da Odebrecht, assumirá esgoto da capital e 14 cidades:
Giovanni Sandes
A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) assina nesta sexta (15) o contrato da bilionária PPP do saneamento. A parceria público-privada (PPP) significa o repasse da operação, manutenção e ampliação da coleta e tratamento de esgoto do Grande Recife e de Goiana, um total de 15 cidades e 3,7 milhões de habitantes, para uma nova concessionária, a Grande Recife - liderada por uma empresa do grupo Odebrecht:
Mais do que apenas obras, o contrato é de prestação de serviços para garantir a ampliação e funcionamento de qualidade do sistema de saneamento. A PPP cobrirá um prazo de 35 anos e, segundo o plano de negócios em que se baseou a licitação, pode chegar a um faturamento de R$ 16,7 bilhões, diluídos durante as mais de três décadas. As empresas que formam o consórcio Grande Recife são a Lidermac e a Foz do Brasil, braço da Odebrecht na área de saneamento.
O consórcio será obrigado a seguir uma série de indicadores de qualidade na prestação de serviços, mas o consumidor continuará se relacionando diretamente com a Compesa. No lado das obras, a principal diretriz da PPP será elevar em 12 anos a cobertura do esgoto de 30% para 90% da Região Metropolitana do Recife e Goiana, além de garantir o tratamento de tudo o que é coletado. Os investimentos são estimados em R$ 4,5 bilhões.
Com informações do JC Online.
Fonte - O Terror do Nordeste  15/02/2013

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Esquiador baiano de 13 anos brilha na neve e cala provocações de rivais europeus

Divulgação/Bendita Ideia Comunicação
Bruno Freitas
Do UOL, em São Paulo
Brasileiro Nathan Alborghetti é destaque em competições juvenis na Europa
Por sua identidade tropical, o Brasil ainda não comemorou grandes resultados nos esportes de neve, mas vê uma esperança nascer com Nathan Alborghetti. Radicado na Itália, o baiano de 13 anos conquistou marcas de destaque nos últimos meses e já lida com o status de aposta para o futuro olímpico do país. No começo de trajetória, o adolescente já comemora desfrutar do respeito de adversários europeus.
Nathan acaba de conquistar quatro medalhas na disputa do Trofeu Borrufa, tradicional evento em Andorra para esquiadores aspirantes até 15 anos, com pouco mais de 300 competidores.
"Nos meus primeiros anos aqui ouvia que se era do Brasil não sabe esquiar. Perguntavam: 'onde você vai?'. Aí minha irmã (Esmeralda) ganhou um bronze no Super G, e começaram a ter medo de nós. Viram que o Brasil pode ganhar muitas medalhas. Os russos e os franceses não riem mais de mim, agora me cumprimentam, como se eu fosse da Europa. Fico feliz por isso", relatou Nathan em entrevista ao UOL Esporte.
O baiano foi ao pódio no evento com os bronzes no Slalom Gigante, Super Gigante e no Super Combinado [ainda faturou outra medalha com um 5º lugar em outra disciplina]. Além dos resultados, Nathan comemora especificamente a vitória no duelo direto com os competidores de Argentina e Chile, adversários de países sul-americanos que contam com a cultura de esporte na neve, com a possibilidade de prática interna das modalidades deste universo, ao contrário do Brasil.
"O primeiro objetivo era ganhar medalha. O segundo era chegar na frente de chilenos e de argentinos. Eles deveriam ser muito mais forte, porque no Brasil não tem neve", diz Nathan, com português carregado de sotaque italiano.
Foto: Divulgação/Bendita Ideia Comunicação
Atleta baiano Nathan Alborghetti posa com as medalhas conquistadas recentemente na Europa. Brasileiro de 13 anos é considerado esperança do país nos esportes de neve
A Confederação Brasileira de Desportos na Neve informa que não apoia financeiramente atletas desta faixa etária, mas mesmo assim já acompanha de perto o desempenho internacional de Nathan. Tanto que o baiano ligou para Stefano Arnhold, presidente da entidade, para comemorar os resultados de janeiro no evento em Andorra.
Fã do ídolo do esqui Bode Miller, multimedalhista olímpico para os EUA, Nathan projeta estar presente nos Jogos de Inverno de 2018, na Coreia do Sul.
"Gosto de ser brasileiro. Nem todos sabem que existem alguns brasileiros que esquiam. O Brasil está melhorando em todos os esportes", afirma o atleta adolescente.
Filho de uma brasileira com um italiano, Nathan nasceu em Salvador, mas deixou a cidade logo aos 6 anos. Hoje mora com a família em Roma. Um ano mais velha, a irmã Esmeralda também compete em torneios de base na Europa e também vem se destacando.
Até hoje o feito internacional mais relevante do Brasil nos esportes de neve foi a 9ª colocação de Isabel Clark nos Jogos Olímpicos de Turim, em 2006, na categoria cross do snowboard.
Fonte - Aposentado Invocado  09/02/2013

RIO DE JANEIRO.....CASAS MARCADAS

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Após conversar com Barbosa, Serra decide estudar para concursos públicos

Barbosa convenceu Dilma a abandonar o laquê
BRASÍLIA - Depois de convencer o novo presidente da Câmara, Eduardo Henrique Alves, de que a palavra final sobre a cassação de deputados condenados é do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa abriu seu gabinete para visitações. "O primeiro a entrar foi José Serra. Foi difícil, mas o convenci a estudar para o concurso público que seleciona escriturários do Banco do Brasil", anunciou. "Disse a ele que o Brasil não merecia alguém tão supremamente superior e belo na Presidência e ele, então, se sensibilizou", concluiu.
Em seguida, Barbosa convenceu Eike Batista a deixar a calvície agir naturalmente sobre seu ser, a diretoria do Country Club da Zona Sul carioca a aceitar ex-BBBs como sócios e o jogador Adriano a emplacar como pastor evangélico. "Meu gabinete está de portas abertas para José Dirceu", enfatizou, após convencer Silas Malafaia a assumir o romance com Alexandre Frota.
A assessoria de Aécio Neves negou que Barbosa tenha convencido o mineiro a assumir sua verdadeira identidade e se candidatar ao governo do Rio.
Fonte -  The i-Piauí Herald  08/02/2013

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Dez anos depois, Guaribas deixa para trás o título de cidade mais pobre do país e a população faz planos para o futuro

Lucas Rodrigues
Enviado Especial da EBC
Guaribas (PI) - Lançado no dia 3 de fevereiro de 2003, no município com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, o Programa Fome Zero foi criado com o objetivo de erradicar a miséria, com a transferência de renda e garantindo o alimento para as famílias que viviam na extrema pobreza. Hoje, o Brasil ainda tem pelo menos 5,3 milhões de pessoas sobrevivendo com menos de R$ 70 por mês, diferentemente do início dos anos 2000, quando eram 28 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza.
Nos último dez anos, esse número vem diminuindo. Em parte, por causa de políticas públicas de ampliação do trabalho formal, do apoio à agricultura e da transferência de renda. Hoje, a iniciativa, que ganhou o nome de Bolsa Família, chega a quase 14 milhões de lares. Ela nasceu do Programa Fome Zero, criado para garantir no mínimo três refeições por dia a todos os brasileiros. E foi do interior do Nordeste que essa iniciativa partiu para o restante do país.
Depois de dez anos, a Agência Brasil voltou a Guaribas, no sul do Piauí, escolhida como a primeira beneficiária do programa de transferência de renda. Localizada a 600 quilômetros ao sul da capital, Teresina, Guaribas não oferecia condições básicas para uma vida digna de sua população: faltava comida no prato das famílias, que, na maioria das vezes, só tinham feijão para comer. Não havia rede elétrica e poucas casas tinham fogão a gás.

Mulheres e crianças andavam quilômetros para conseguir um pouco de água e essa busca, às vezes, durava o dia inteiro. A dona de casa Gilsa Alves lembra que, naquela época, “era difícil encontrar água para lavar roupa”, no período de seca. “Às vezes, até para tomar banho era com dificuldade".
O aposentado Eurípedes Correa da Silva não se esquece daquele tempo, quando chegou a trabalhar até de vigia das poucas fontes que eram verdadeiros tesouros durante os longos períodos de seca, com água racionada. Hoje, a água chega, encanada, à casa dele.
Pai de sete filhos, Eurípedes tem televisão e geladeira. Além do dinheiro da lavoura e da aposentadoria, ele recebia o benefício do Fome Zero e agora conta com o Bolsa Família. O benefício chega a 1,5 mil lares e a meta é alcançar 2 mil neste ano, o que representa oito em cada dez moradores da cidade. A coordenadora do programa em Guaribas, Raimunda Correia Maia, diz que “o dinheiro que gira no município, das compras, da sustentação dos filhos, gera desenvolvimento".
A energia elétrica também chegou a Guaribas e trouxe com ela internet e os telefones celulares. No centro da cidade, há uma praça com ruas calçadas e uma delegacia, além de agências bancárias, dos Correios e escolas. A frota de veículos cresceu e, hoje, o que se vê são motos, em vez de jegues.

O município conquistou o principal objetivo: acabar com a miséria. Mesmo assim, ainda está entre os mais pobres do país e enfrenta o êxodo dos jovens em busca de emprego em grandes cidades. Segundo o IBGE, entre 2000 e 2007, quase 10% dos moradores deixaram Guaribas.
Alan e Rosângela podem ser os próximos. O Bolsa Família e as melhorias na cidade não foram suficientes para manter o casal no município, já que ali os dois não encontram trabalho. Os irmãos já foram para São Paulo e é impossível sustentar a família de oito pessoas com um cartão (do Bolsa Família) de R$ 130.


Quem escolheu ficar na cidade sabe que muita coisa tem que melhorar. O esgoto ainda não é tratado; algumas obras não saíram do lugar, como a do mercado municipal. Até o memorial erguido em homenagem ao Fome Zero está abandonado há anos. Longe de Teresina, os moradores se sentem isolados, principalmente por causa da dificuldade de chegar à cidade mais próxima: são 54 quilômetros de estrada de terra, em péssimo estado, até Caracol.
Isso torna difícil escoar a produção de feijão e milho e faz com que todos os produtos cheguem mais caros. A dificuldade de acesso também prejudica uma das conquistas da região: a unidade de saúde. A doméstica Betânia Andrade Dias Silva levou o filho de 5 anos para uma consulta e não encontrou médico. Ela desabafa: “É ruim né?! Principalmente numa cidade pequena, na qual você precisa de um atendimento melhor, tem que sair para ir para outra cidade, Caracol, São Raimundo, que fica longe daqui. Por exemplo, caso de urgência, se você estiver à beira da morte, acaba morrendo na estrada… Então, é difícil".
Há mais de um mês, o atendimento é feito apenas por enfermeiras e por um dentista. Mesmo oferecendo um salário que chega a R$ 20 mil, a prefeitura diz que não consegue contratar médicos. O jeito é mandar os pacientes mais graves para as cidades vizinhas.
Mas essa situação pode começar a mudar ainda neste ano. Segundo informou a Secretaria de Transportes do Piauí, o trecho da BR-235 que liga Guaribas a Caracol deve começar a ser asfaltado em outubro. Por enquanto, está sendo asfaltado outro trecho da rodovia, entre Gilbués e Santa Filomena.
O casal Irineu e Eldiene saiu de Guaribas para procurar trabalho em outras cidades, mas voltou. Agora eles levantam, pouco a pouco, uma pousada no centro da cidade. Irineu diz que a obra que está fazendo não é “nem tanto pensando no agora”, é para o futuro. “Estou vendo que a cada ano que está passando, Guaribas está desenvolvendo mais”.
A expectativa de Irineu e Edilene é resultado da mudança dessa que já foi a cidade mais pobre do país. Mesmo com dificuldades, os moradores de Guaribas, agora, olham para o futuro com mais esperança e otimismo. Eldiene garante que vai ficar e ver a pousada cheia de clientes.

Veja aqui galeria de fotos de Guaribas na época do laçamento do Fome Zero.
Fonte - Agência Brasil 02/02/2013