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sábado, 1 de março de 2025

Brasil lança por ano 1,3 milhão de toneladas de plástico no oceano

Poluição ambiental  👀

foto - Martine Perret/ONU
São 1,3 milhão de toneladas lançadas anualmente revela o relatório Fragmentos da Destruição: impacto do plástico à biodiversidade marinha brasileira lançado nesta quinta-feira (17) pela Organização não Governamental (ONG) Oceana. Esse volume representa 8% desse tipo de poluição em todo o planeta.



Fabíola Sinimbú - Agência Brasil
O Brasil é o oitavo país do globo e o maior poluidor da América Latina quando o assunto é o descarte de plástico no oceano. São 1,3 milhão de toneladas lançadas anualmente revela o relatório Fragmentos da Destruição: impacto do plástico à biodiversidade marinha brasileira lançado nesta quinta-feira (17) pela Organização não Governamental (ONG) Oceana. Esse volume representa 8% desse tipo de poluição em todo o planeta. De acordo com o oceanólogo e diretor-geral da Oceana, Ademilson Zamboni, o estudo foi pensado como uma ferramenta para dimensionar o problema da poluição plástica no país e deve impulsionar uma transição que supere o desafio ambiental, econômico e social causado pelo modelo atual. “O plástico que polui nossos mares chega lá por conta de um modelo de produção e descarte que precisa ser urgentemente substituído". O impacto dessa poluição sobre os ecossistemas e até sobre a alimentação humana são algumas das evidências observadas pelos pesquisadores, que constataram a ingestão de plástico em 200 espécies marinhas, das quais 85% estão em risco de extinção. Desses animais, um em cada 10 morreu em decorrência de problemas como desnutrição e diminuição da imunidade após a exposição a compostos químicos nocivos às espécies, descreve o relatório. A partir das bases de dados dos Projetos de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos e da Bacia de Campos, que reúne a análise de conteúdo estomacal de 12.280 aves, répteis e mamíferos marinhos, os pesquisadores encontraram, plástico em 49 das 99 espécies estudadas. As espécies mais contaminadas foram as tartarugas, com a presença de resíduos sólidos em 82,2% das amostras. Na costa brasileira, a ingestão de plástico já foi registrada em todas as espécies de tartarugas marinhas, mas no caso específico das tartarugas-verdes, os pesquisadores constataram que o índice de ingestão entre os 250 indivíduos da espécie estudados é 70%, podendo chegar a 100% em algumas regiões. Entre as espécies estudadas, também chama a atenção o índice de peixes amazônicos que continham plástico ou microplástico no sistema digestivo e nas brânquias: 98% das 14 espécies analisadas em riachos do bioma. Assim como nos peixes, foi constatada contaminação nos moluscos como ostra e mexilhões, indicando, segundo os pesquisadores, o consumo alimentar dessas espécies como uma das vias contaminantes de seres humanos. “A devastação do plástico na vida marinha segue em grandes proporções e não resta outra saída a não ser a diminuição do alto volume de resíduos despejado continuamente no mar”, destaca o relatório. Legislação Entre as recomendações ao Poder Público apontadas pelo grupo de pesquisadores, estão o investimento em pesquisa e desenvolvimento, a promoção de alternativas ao plástico com preços acessíveis e especialmente a construção de uma legislação específica que regule a produção da substância, em especial os plásticos descartáveis.
Fonte - Agência Brasil  17/10/2024

sexta-feira, 13 de março de 2020

Coronavírus contrata o desemprego: é urgente agir!

Política/Economia  👀

Clemente Ganz Lúcio
Enquanto a OMS/ONU declara pandemia, aqui no Brasil o Presidente diz que a crise “não é isso tudo que a mídia diz”. Está enganado ou está tentando nos enganar. É gravíssima e poderá ficar muito pior se não forem tomadas medidas imediatas, urgentes e inteligentes.O Brasil deve realizar, além de todas as iniciativas na área de saúde para conter a propagação do vírus

Clemente Ganz Lúcio* - Portogente
O sistema produtivo está cada vez mais travado em decorrência das quarentenas que exige o tratamento para o coronavírus. Sem trabalhar a economia desacelera, o fluxo de produção para e deixa de gerar riqueza (bens e serviços) e renda (lucros, salários e impostos). Os impactos desse travamento se retroalimentam com a queda no consumo das famílias, das empresas e dos governos. Sem produção de insumos a produção industrial mundialmente integrada entram em colapso.
Na medida que o vírus se espalha em mais da metade dos países, o travamento vai se ampliando, sem data para acabar. O destravamento é complexo e levará tempo. Os impactos sobre os empregos e a renda dos trabalhadores serão severos, além dos riscos sobre a saúde e a vida.
Os Estados e governos nacionais e os organismos multilaterais devem, além dos máximos cuidados essenciais à saúde, tomar medidas com a máxima urgência para proteger os empregos, a renda das pessoas e a vitalidade do sistema produtivo e financeiro.
Iniciativas como a da União Europeia que decidiu ativar um Fundo de 25 bilhões de euros, sendo 7,5 bilhões liberados imediatamente, para socorrer os problemas de liquidez das empresas (dinheiro para pagar compromissos, inclusive salários), para apoiar o sistema de saúde e para proteger as ocupações dos trabalhadores. Os governos deverão promover um relaxamento das regras fiscais, com acordos políticos robustos, ou seja, é hora de os governos gastarem bem, além de criar regras para que as pessoas e empresas tenham maior prazo para saldar dívidas ou fazer desonerações por prazo determinado.
Enquanto a OMS/ONU declara pandemia, aqui no Brasil o Presidente diz que a crise “não é isso tudo que a mídia diz”. Está enganado ou está tentando nos enganar. É gravíssima e poderá ficar muito pior se não forem tomadas medidas imediatas, urgentes e inteligentes.
O Brasil deve realizar, além de todas as iniciativas na área de saúde para conter a propagação do vírus, três ordens de medidas que devem se simultâneas e combinadas: a) retomar imediatamente investimentos públicos; b) garantir a renda das pessoas (salários e transferências); c) garantir liquidez para empresas e pessoas (capital de giro, alongamento dos prazos para pagar dívidas, desoneração temporária).
Medidas para cada uma das três frentes, todas com impactos para preservar empregos e renda:

1. Investimento público – recurso usado com inteligência estratégica para realizar obras relevantes para a infraestrutura econômica e social, gerando empregos:• Retomada imediata das milhares de obras paradas, investimentos em infraestrutura econômica e social.
• Reverter o desmonte do BNDES e recolocá-lo como banco voltado para o desenvolvimento produtivo, priorizando empréstimos para projetos de investimento em execução.
• Implantar imediatamente os novos projetos de investimentos prontos para execução, em espacial na construção habitacional, que devem ser ampliados.
• Criar força tarefa no Congresso para dar uma solução definitiva aos acordos de leniência, liberando as empresas para retomarem atividades produtivas, os empregos e a capacidade da engenharia nacional estruturar competência para o desenvolvimento do país.
• Recolocar a centralidade das atividades produtivas das estatais, em especial dos investimentos estruturantes de cadeias produtivas em infraestrutura econômica e dos fornecedores, em especial, de engenharia.
• Reestruturar os investimentos produtivos públicos e privados para o fornecimento de insumos para a produção de alimentos.
2. Liquidez, a depender dos impactos sistêmicos na vida das pessoas e empresas:
• Liberar recursos com taxas de juros especiais para a liquidez das empresas, vinculado à preservação dos empregos.
• Criar medidas para suspenção temporária da cobrança de taxas de serviços públicos.
• Criar mecanismos para a reorganização das dívidas das pessoas e famílias, incluindo financiamento habitacional.

3. Preservar empregos e renda:• Liberar recursos para as cidades e estados realizarem atividades geradoras de empregos imediatamente para as múltiplas atividades, tais como: inúmeros tipos de reparos urbanos; reforma e construção de equipamentos e de instalações (posto de saúde, escola, segurança, etc.), limpeza urbana; cuidados ambientais; cuidados com a saúde e educação; cuidados assistenciais para crianças, idosos e doentes, entre outras inciativas.
• Ampliar imediatamente o seguro-desemprego para 7 parcelas e analisar a sua extensão em função dos impactos.
• Liberar a fila do INSS garantindo aos aposentados o acesso aos benefícios para quase 2 milhões de solicitações.
• Recolar os beneficiários excluídos do bolsa-família e incluir os novos requerentes que são hoje cerca de 3,5 milhões de pessoas;
• Aplicar um abono salarial para o salário mínimo e indicar a retomada da sua valorização.
• Revitalizar o PPA – Programa de Aquisição de Alimentos e o PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar.
• Recolocar ativo o PPE – Programa de Proteção dos Empregos.
• Incentivar acordos sindicais que preservem os empregos, inclusive com o uso do PPE.
• Facilitar o acesso ao afastamento saúde para os assalariados e criar um abono saúde emergencial para os trabalhadores não assalariados afetados pelo vírus.

Outras medidas:
• Petrobrás ampliar o refino segundo sua capacidade produtiva instalada, diminuindo importação.
• Rever o preço do botijão de gás para R$ 40,00 ou menos.
• Revisão imediata da Lei do Teto de Gasto, liberando investimentos e gastos sociais orientandos para o enfretamento da crise.
• Suspender a tramitação de projetos que criam restrições fiscais e limitam a atuação do Estado.
Essas, entre outras medidas que poderão ser criadas, exigem ação tempestiva. O Congresso poderia criar um Comitê, incluindo as organizações dos empresários e dos trabalhadores, para monitorar e debater iniciativas. Não cabe dúvida: é urgente atuar pensando em todos os brasileiros e brasileiras, protegendo especialmente os mais fracos, pessoas e empresas.
* Sociólogo, técnico Dieese e consultor.
Fonte Portogente  13/03/2020

sábado, 13 de julho de 2019

Brasil atrapalhava planos dos EUA para América do Sul, diz ex-embaixador

Política/Internacional  👀

           Thomas Shannon
Ex-embaixador dos EUA diz que país acompanhava de perto movimentos do Brasil para criar grupo coeso e forte de países sul-americanos.Especialmente na forma como a construtora Odebrecht havia se tornado parceira do governo nesses planos. Quem conta é o ex-embaixador dos EUA no Brasil Thomas Shannon, que ficou no posto entre 2010 e 2013.

Do Conjur
O governo dos Estados Unidos acompanhava com bastante atenção — e preocupação — as iniciativas do governo brasileiro de criar um bloco político forte e coeso na América do Sul. Especialmente na forma como a construtora Odebrecht havia se tornado parceira do governo nesses planos. Quem conta é o ex-embaixador dos EUA no Brasil Thomas Shannon, que ficou no posto entre 2010 e 2013.
O principal foco de atenção, afirma, eram as relações entre Brasil e Venezuela. "O Brasil identificou o modo como a Venezuela direcionava sua indústria de petróleo de modo a se integrar com o mercado americano. Então, algo precisava ser feito para trazê-la à América do Sul”, conta o diplomata, mencionando a crescente animosidade entre o então presidente venezuelano Hugo Chávez e os Estados Unidos. O pano de fundo era o projeto brasileiro de "construção de uma grande e coesa América do Sul", diz Shannon, hoje consultor do escritório de advocacia Arnold & Porter.
Shannon falou a jornalistas do site Poder 360, da revista Época e do jornal Miami Herald, dos EUA, parceiros da associação de jornais Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo (ICIJ, na sigla em inglês).
De acordo com o ex-embaixador, as intenções do Brasil ficaram claras com o financiamento do BNDES ao porto de Mariel, em Cuba. A obra foi tocada pela Odebrecht e o banco investiu R$ 624 milhões. Ela colocaria o Brasil como importante ator nas relações internacionais no Caribe, especialmente diante da postura do governo americano na época de manter os embargos a Cuba, mesmo com os sinais de abertura econômica.
Shannon afirma que os EUA acreditavam que o Brasil caminhava para a construção de um bloco internacional coeso de orientação progressista e de esquerda. Isso seria um obstáculo à reanimação da Área de Livre Comércio das Américas, ou Alca, um projeto dos governo dos EUA de criar um bloco comercial com incentivos tarifários, mas que foi rejeitado pelos países latino-americanos.

Car wash
As análises de Shannon abrem mais algumas páginas no capítulo norte-americano da "lava jato". A Odebrecht assinou um dos maiores acordos de leniência da história com o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ). E ele só foi possível graças ao livre trânsito de informações e provas entre os procuradores do DoJ e os procuradores da "lava jato" em Curitiba. Entre as provas, extratos de contas da construtora nos EUA.
O acordo de leniência prevê pagamento de R$ 8,5 bilhões pela empreiteira, dos quais 80% foram enviados ao Brasil — e glosados pelo MPF em Curitiba. Em troca de abrir mão do dinheiro, os EUA exigiram a presença de um "monitor externo de cumprimento do acordo", para que faça relatórios a cada 120 dias.
Esses relatórios "provavelmente incluem" informações "proprietárias, financeiras, comerciais e concorrenciais sigilosas", diz o acordo.
O que Shannon conta, portanto, é que o MPF brasileiro ratificou um acordo em que uma empresa brasileira, reconhecida pelo governo americano como importante para os interesses do governo brasileiro, se comprometeu a enviar aos EUA relatórios sobre suas atividades comerciais.
Fonte - Conjur  12/07/2019

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Brasil subalterno aos Estados Unidos

Soltando o Verbo  📣

foto - ilustração/WEB
A globalização neoliberal recente e o exercício do monopólio das armas nucleares pelas grandes potências militares (Estados Unidos, Rússia,Inglaterra, França e China) colocam em xeque o exercício da soberania da grande maioria dos países do mundo, com raras exceções como os países periféricos detentores de armas nucleares como Israel, Índia, Paquistão e Coreia do Norte. Como as guerras do Século XXI terão como fulcro a batalha por recursos naturais, os países detentores desses recursos como o Brasil podem ser ameaçados de invasões como ocorreu recentemente com a invasão dos Estados Unidos no Iraque e na Líbia pelo domínio de suas reservas de petróleo.

Fernando Alcoforado* - Porotgente
A manutenção da soberania do Brasil está diretamente ligada ao poder estatal em impor sua supremacia dentro do território nacional. A soberania no Brasil se concentra na autoridade suprema do poder representante do povo não permitindo que dentro da sociedade brasileira haja um poder superior ao seu. O princípio da soberania é um dos alicerces do Direito Internacional, por meio do qual, por exemplo, não se pode submeter determinado Estado a outra jurisdição que não a sua. No plano externo, a soberania nacional é traduzida pela igualdade entre os Estados, não tendo que se falar em subordinação ou subserviência no cenário internacional, devendo-se assegurar condições equânimes nos negócios jurídicos celebrados, seja no campo econômico, social ou político. Na era contemporânea, o declínio do Brasil como país soberano está configurado na perda de sua capacidade de constituir uma economia nacional confinada territorialmente e em tê-la sob seu controle.
A globalização neoliberal recente e o exercício do monopólio das armas nucleares pelas grandes potências militares (Estados Unidos, Rússia, Inglaterra, França e China) colocam em xeque o exercício da soberania da grande maioria dos países do mundo, com raras exceções como os países periféricos detentores de armas nucleares como Israel, Índia, Paquistão e Coreia do Norte. Como as guerras do Século XXI terão como fulcro a batalha por recursos naturais, os países detentores desses recursos como o Brasil podem ser ameaçados de invasões como ocorreu recentemente com a invasão dos Estados Unidos no Iraque e na Líbia pelo domínio de suas reservas de petróleo. Com a falta de recursos naturais necessários para sua sobrevivência e a ausência de um governo mundial que seja capaz de mediar os conflitos, a humanidade tende a uma regressão à barbárie e ao comportamento cruel.
A água está se convertendo em uma fonte geradora de guerras devido à competição internacional pelos recursos hídricos. A competição por recursos como o petróleo é, atualmente, a maior fonte potencial de conflitos mundiais. A disputa pelo petróleo que ainda resta levará a um estado de guerra permanente, caracterizado pela presença de grandes potências em suas regiões produtoras. Os países detentores de recursos naturais sem poder militar, sobretudo, sem dispor de armas nucleares, poderão ser vítimas de invasões pelas grandes potências a serviço dos grandes monopólios internacionais, como é o caso do Brasil. Esta situação deixa evidenciada a vulnerabilidade do Brasil que, além de possuir uma economia fragilizada à mercê das forças do mercado global devido a sua dependência econômica e tecnológica, não possui poder militar e nuclear para, por meio de dissuasão, evitar que suas riquezas naturais, entre as quais a água e o petróleo, sejam pilhados pelas grandes potências militares do planeta e pelas grandes corporações multinacionais.
O Brasil não é país soberano porque não possui poder econômico, militar e nuclear para assegurar o exercício de sua soberania. O Brasil não é um país soberano porque as filiais estrangeiras controlam 82% do setor da indústria baseada em ciência; 73% da diferenciada, e 68% da produção contínua. A dependência da indústria brasileira não é só de capital, mas também de tecnologia estrangeira. O Brasil ocupa o 43° lugar no ranking mundial de tecnologia da ONU fato este que atinge diretamente o desempenho industrial do país. O Brasil não é um país soberano porque a desnacionalização da economia brasileira é evidenciada quando se observa que das 50 maiores empresas brasileiras, 26 são estrangeiras. Mais da metade das empresas brasileiras de setores de ponta como o automobilístico, o aeronáutico, o eletroeletrônico, o de informática, o farmacêutico, o de telecomunicações, o do agronegócio e o de minérios estão nas mãos do capital estrangeiro. O capital estrangeiro está presente em 17.605 empresas brasileiras que respondem por 63% do Produto Interno Bruto (PIB), e tem o controle de 36% do setor bancário onde possui 25% das ações do Bradesco e 20% das ações do Banco do Brasil. O capital estrangeiro é dono de mais de 30% de hectares de terras no país para produzir cana de açúcar, gado e soja. Apenas no setor sucroalcooleiro, as multinacionais detêm 33% de todas as terras e usinas (Falcão. Lula. Crescimento]]capitalista aumenta submissão do Brasil ao capital estrangeiro. Disponível no website , 2012).
Finalmente, além de não exercer a condição de país soberano, o Brasil tem tido governantes ao longo da história que atentaram contra a soberania nacional ao adotarem políticas contrárias aos interesses do País, à exceção dos governos de Getúlio Vargas, João Goulart e Ernesto Geisel. O governo Bolsonaro aponta no sentido de fazer o Brasil caminhar para a submissão total em relação aos Estados Unidos no cenário internacional ao romper ainda mais com a tradição de sua política externa – reconhecida mundialmente por pautar suas ações por alguns princípios dos quais quase nunca abriu mão, como os de não intervenção, de autodeterminação dos povos e de solução pacífica de controvérsias. A política externa brasileira do governo Bolsonaro vai em direção ao alinhamento ainda maior aos interesses norte-americanos para a política externa, deixando de lado as iniciativas de inserção autônoma em um mundo multipolar na qual o Brasil teria uma margem de barganha muito maior.
O alinhamento subalterno do Brasil aos interesses norte-americanos se manifesta na postura do governo Bolsonaro que admitiu a possibilidade de instalar uma base militar dos Estados Unidos no Brasil depois abandonada, segundo a imprensa, por pressões de setores nacionalistas das Forças Armadas, a transferência da embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém e a desnacionalização da Embraer com sua venda à Boeing. Como justificar a instalação de uma base militar norte-americana no Brasil a não ser a submissão do governo Bolsonaro aos Estados Unidos? Como justificar o alinhamento a Israel e a mudança da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, colocando em risco nossa exportação de carne Halal – considerado o Brasil maior produtor e exportador mundial de carne bovina, segundo maior de frangos e líder nas vendas de carne Halal – para os países árabes a não ser a submissão do governo Bolsonaro aos Estados Unidos? Como justificar a desnacionalização de uma das maiores empresas nacionais e com alto grau de tecnologia como a Embraer a não ser a submissão do governo Bolsonaro aos Estados Unidos?
O governo Bolsonaro atenta contra a soberania nacional ao fazer gigantesco leilão depetróleo na área do pre-sal realizando a maior entrega de riquezas nacionais da história. Recentemente, foi realizado um dos maiores leilões da riqueza nacional que se tem notícia. Foram a leilão os campos de Aram, Sudeste de Lula, Sul e Sudoeste de Júpiter e Bumerangue, todos esses campos adjacentes e contíguos aos ricos campos já leiloados de Lula e Júpiter. Não há estimativas oficiais, mas ao menos 10 bilhões de barris de petróleo do pré-sal devem cair em mãos estrangeiras. Pelo preço atual do petróleo o leilão recente significa uma entrega de um valor que pode alcançar US$ 1,5 trilhão. Este primeiro leilão do governo Bolsonaro é somente preparatório da entrega da “joia da Coroa” com a área excedente da “cessão onerosa” que irá a leilão em breve, cujo volume em petróleo é de cerca de 11 bilhões de barris que algumas estimativas cifram em até 30 bilhões de barris nestes campos gigantes. É uma fortuna que será dada de bandeja para a Shell, Total, Repsol, e outras empresas estrangeiras. Quando a cessão onerosa for a leilão serão entregues os campos de Búzios, Itaipu, Atapu e Sépia. A Petrobras ficará de fora, e será acionista minoritária da empresa estrangeira que abocanhará a maior parte.
Desde o governo Temer a participação estrangeira no saque da riqueza nacional tem aumentado exponencialmente, com privatizações de campos de petróleo que pertencem à Petrobras e com novos leilões que, em dois anos, a produção estrangeira passou de 7% para 23%. Com os novos leilões a serem realizados pelo governo Bolsonaro rapidamente a maior parte da produção nacional será estrangeira demonstrando o caráter entreguista de seu governo que está a serviço do deus Mercado, de Wall Street, do Consenso de Washington e contra o povo brasileiro. O governo Bolsonaro está batendo continência à bandeira norte-americana. E, mais do que isto, está conivente com as continuadas ações do império americano e das empresas multinacionais para dominar o Brasil. O governo Bolsonaro está disposto a entregar o Brasil, suas terras e suas riquezas minerais, a Base de Alcântara, enfim, o patrimônio público nacional como Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, as Hidrelétricas, as Instituições de Pesquisa, as Universidades, as Escolas Técnicas, etc, aos investidores internacionais, cujo único objetivo é o lucro sem limites. O capitão Bolsonaro parece não ter assimilado os ensinamentos de patriotismo que recebeu na Academia Militar das Agulhas Negras e no Exército.
Paulo Guedes, o economista neoliberal e ministro da Economia do governo Bolsonaro prometeu que pretende privatizar todo o patrimônio público entregando-o, em consequência, ao capital estrangeiro. Privatizar implica, na verdade, no que se costuma chamar de “desnacionalização”, em que os adquirentes controladores são quase sempre (se não sempre!) empresas ou consórcios estrangeiros, muitas vezes empresas estatais de outros países cujos lucros são remetidos para suas matrizes no exterior. O uso do termo “privatização” é uma maneira de esconder sua verdadeira finalidade que é a de entregar o patrimônio da nação ao capital estrangeiro. Poder-se-ia imaginar que as “privatizações” beneficiariam empresas de capital nacional, mas não é assim que acontece pelo fato de as combalidas empresas nacionais não terem capacidade financeira para adquirir empresas estatais situadas em setores estratégicos, como o do petróleo, da eletricidade e da infraestrutura. Se tudo caminhar nesta direção pouco restará no Brasil setores econômicos pertencentes a brasileiros.
Em seu discurso no Fórum Econômico de Davos, que reúne a nata do capitalismo mundial, Bolsonaro deu uma demonstração de sua subserviência aos detentores do capitalismo global ao afirmar, na parte relativa à economia, que, em seu governo, “vamos abrir nossa economia” para atender naturalmente os interesses do capital internacional, “nossa equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, nos colocará no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios” que beneficiarácertamente os grupos econômicos internacionais, “o Brasil ainda é uma economia brelativamente fechada ao comércio internacional, e mudar essa condição é um dos maiores compromissos deste Governo” que abrindo a economia brasileira satisfará naturalmente os apetites dos investidores estrangeiros e que “gozamos de credibilidade para fazer as reformas de que precisamos e que o mundo (naturalmente o capitalismo global) espera de nós”.
*Fernando Alcoforado, 79, detentor da Medalha do Mérito do Sistema Confea/Crea, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos
Fonte - Portogente  01/02/2019

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Qual é o impacto da venda da Embraer para os projetos de defesa do Brasil?

Defesa 

foto - ilustração/arquivo
A negociação entre as duas empresas começou em dezembro de 2017. Inicialmente os estadunidenses pretendiam comprar 100% da Embraer. A proposta, contudo, foi vetada pelo Governo Federal. Criada como estatal em 1969, a Embraer foi privatizada em 1994, mas o Governo Federal manteve a chamada ação de classe especial, ou Golden Share, que permite vetar alterações na Embraer em sete casos, como transferência do controle acionário e possíveis negócios que comprometam os programas militares do Brasil.

Thales Schmidt - Sputink
Boeing e Embraer anunciaram acordo para a compra da área de aviação civil da empresa brasileira e de parte do setor militar. Quais serão as consequências do negócio para o setor de defesa da Embraer? Sputnik Brasil entrevistou dois especialistas e um militar para entender o futuro da ex-estatal.
A negociação entre as duas empresas começou em dezembro de 2017. Inicialmente os estadunidenses pretendiam comprar 100% da Embraer. A proposta, contudo, foi vetada pelo Governo Federal. Criada como estatal em 1969, a Embraer foi privatizada em 1994, mas o Governo Federal manteve a chamada ação de classe especial, ou Golden Share, que permite vetar alterações na Embraer em sete casos, como transferência do controle acionário e possíveis negócios que comprometam os programas militares do Brasil.
Após longa negociação, Boeing e Embraer anunciaram em dezembro deste ano terem chegado a um acordo. Serão criadas duas novas empresas: uma de aviação comercial, com controle acionário de 80% da Boeing e 20% da Embraer — após pagamento de US$ 4,2 bilhões pela empresa dos EUA. Há, ainda, a opção de a Embraer vender sua participação de 20% por uma opção de compra válida por 10 anos — que estabelece o preço de US$ 1,05 bilhão por essa possível transação.
A outra companhia será uma parceria para a comercialização do cargueiro KC-390, desenvolvido pela Embraer. 51% das ações desta companhia serão da Embraer — e 49% da Boeing. O valor desta operação não foi divulgado.
Os termos ainda precisam ser aprovados pelo Governo Federal, que pode vetar a transação, mas tanto Michel Temer (MDB) como Jair Bolsonaro (PSL) já sinalizaram que aprovam o acordo.

Quais são os braços de defesa da Embraer?
O setor de defesa da Embraer é líder na América Latina e composto por cinco companhias agrupadas na divisão da Embraer Defesa e Segurança. São elas:

Atech: comercializa sistemas de tráfego aéreo civis e militares e também atua no setor de segurança digital. Reconhecida como empresa estratégica pelo Ministério da Defesa, trabalha no desenvolvimento do submarino nuclear brasileiro e no Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Também está envolvida na construção dos caças Gripen, projeto conjunto da Embraer e da sueca Saab. Em 2017, a Atech recebeu R$ 49,3 milhões do Governo Federal.

Bradar: especializada em sensoriamento remoto e radares de vigilância aérea e terrestre. Recebeu R$ 1,47 milhão do Governo Federal em 2017, sendo que a maior parte desse valor veio da compra de um sistema de defesa antiaérea da Bradar.

OGMA: Companhia criada como estatal em Portugal, foi comprada pela Embraer em 2004. A 

OGMA é especializada em serviços de manutenção e fabricação de aeroestruturas. É a responsável pela fabricação dos painéis da fuselagem central do cargueiro KC-390.

Savis: é a gerenciadora do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON). Segundo a própria Savis, trata-se do "maior projeto de monitoramento de fronteiras do planeta". Entre 2015 e 2017, a companhia recebeu R$ 44,5 milhões do Governo Federal.

Visiona: joint-venture com a estatal brasileira Telebras, é a coordenadora do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), que é utilizado em comunicações das Forças Armadas do Brasil.

O que é o KC-390?
O cargueiro KC-390 é o maior avião militar já desenvolvido no Brasil. Para alavancar o negócio, as Forças Armadas Brasileiras fizeram um pedido inicial de 28 aeronaves, com o custo de R$ 7,2 bilhões.
Um de seus diferenciais é a propulsão por turbinas, e não por hélices, como é comum no setor. Este fator confere uma velocidade máxima maior do que a média: 870 km/h contra 600 km/h, e também permite pousar e decolar em distâncias menores. O KC-390 tem 32,5 metros de comprimento, envergadura de 35,05 metros, alcance de 6.019 quilômetros e capacidade de carga de até 23 toneladas. Ele também pode reabastecer outras aeronaves em pleno voo e transportar blindados.
O objetivo do cargueiro da Embraer é tomar um multibilionário mercado de cargueiros dominado hoje pelo Hercules, da estadunidense Lockheed Martin. Criado na década de 1950, o Hercules viu suas vendas estacionarem na última década.
A importância do KC-390 e a obsolescência dos Hercules são reconhecidas pelos militares dos Estados Unidos. Em artigo publicado pelo Army War College, instituição responsável por formar os oficiais das Forças Armadas dos EUA, o coronel Robert C. Owen escreveu sobre a importância de os EUA reforçarem sua capacidade de mobilidade área.
"O alcance limitado e as características de carga útil da atual frota de transporte teatral exacerbam os dilemas operacionais inerentes aos desdobramentos de forças, uma vez que podem forçar os comandantes a realizar operações intermediárias de preparo dentro do alcance das armas inimigas. Um [Hercules] C-130J transportando um veículo Stryker básico de 38.000 libras [17,2 toneladas], por exemplo, tem um alcance de cerca de 1.600 milhas náuticas [2.963 km]. Em comparação, o Airbus A400M pode transportar o mesmo veículo para 3.700 milhas náuticas [6.852 km]; a aeronave de transporte Embraer KC-390 para 2.100 milhas náuticas [3.889 km]. Considerando que o raio operacional não reabastecido gira em torno de 40% do alcance de uma aeronave, uma base de ações recebendo o [Hercules] C-130J com uma brigada com Stryker precisaria estar dentro de 640 milhas náuticas [1.185km] do seu ponto de necessidade. Essa distância está bem dentro da faixa de aeronaves táticas armadas com armas isoladas e por mísseis balísticos de médio alcance, como o chinês DF-21."
Robert C. Owen é coronel aposentado da Força Aérea dos Estados Unidos e também trabalhou como planejador estratégico da Força Aérea dos EUA e do Comando de Mobilidade Aérea.

O que torna os negócios militares diferentes?
"Uma coisa é você comercializar, por exemplo, uma máquina agrícola. Você faz a transferência da máquina de um país para outro e isso não gera nenhum tipo de efeito em termos de poder. O mesmo não acontece quando você transfere um sistema de armas, de preferência armas convencionais, ou seja, aquelas de complexidade tecnológica maior, e ao fazer isso você, mesmo que não querendo, produz um efeito político", afirma o professor de Relações Internacionais da FAAP e da PUC-SP, David Magalhães, em entrevista à Sputnik Brasil..
Autor de livro sobre a política externa de exportação de armas do Brasil, Magalhães ressalta que vender produtos bélicos pode gerar instabilidade regional, fomentar conflitos e empoderar violadores de direitos humanos. Portanto, a venda de armas costuma ser controlada pelas chancelarias dos países exportadores "tendo em vista que é uma transação política e ela deve ser pensada no âmbito das linhas gerais da política externa do país".
Como exemplo da interação entre política externa e defesa, Magalhães cita a opção da então presidente Dilma Rousseff (PT) pelos caças suecos da SAAB em 2013. A escolha das aeronaves para renovar a frota brasileira se arrastava há anos, e Dilma bateu o martelo poucas semanas após Edward Snowden revelar que os Estados Unidos espionavam a presidente e ministros de seu governo, além de empresas estratégicas como a Petrobras.
À época, a Boeing e seus F-18 Super Hornet foram preteridos. Os 36 caças Gripen da SAAB foram comprados por US$ 5,4 bilhões em acordo que prevê a transferência de tecnologia para a Embraer.

Qual o futuro dos projetos de defesa?
"É um ótimo negócio para a Boeing. Eu não vejo isso para a Embraer e o Brasil", diz o professor da UNICAMP e coordenador do Laboratório de Estudos das Indústrias Aeroespaciais e de Defesa, Marcos Barbieri, entrevistado pela Sputnik Brasil.
Especialista no setor de defesa, Barbieri destaca que a Embraer é a única empresa brasileira com inserção internacional no setor de alta tecnologia. Ele ressalta que o negócio vai na contramão da tendência internacional:
"Uma revolução com grande volume de tecnologias disruptivas está surgindo, inteligência artificial, internet das coisas, novos materiais, biotecnologia, nanotecnologia. Nesse momento em que os países avançados buscam proteger suas empresas estratégicas, o Brasil vai no caminho contrário".
Apesar de o setor de defesa da Embraer ter sido preservado na transação, Barbieri acredita que os efeitos do negócio serão nefastos porque aplicações civis e militares caminham lado a lado.
"Quando eu desenvolvo uma tecnologia nova, uma automação, inteligência artificial, eu posso usar tanto na área civil como na militar. A área comercial é importante para a escala, isso não é só o caso da Embraer, é também da Airbus e da Boeing, você tem uma dualidade de projetos, a tecnologia é a mesma. Os engenheiros, os laboratórios, a competência da empresa, ela usa nos projetos civis e militares. Quando eu faço essa ruptura e vou cindir a empresa em duas, toda essa sinergia que existe entre área civil e comercial, que é a origem da receita e do lucro, eu deixo de ter isso."
Em 2017, a aviação comercial e executiva da Embraer foi responsável por 84% da receita líquida de R$ 18,7 bilhões da companhia. Já a Embraer Defesa e Segurança respondeu por 16% da receita líquida.
Para Barbieri, o acordo não terá um impacto imediatamente nos projetos de defesa como os caças Gripen e o KC-390, mas sim no longo prazo: "O impacto não será hoje nesses projetos, porque eles já estão sendo finalizados e entrando em operação. Mas com certeza daqui a 5,10 ou 20 anos você terá que desenvolver novas gerações de aviões de transporte militar, de caças, e, com isso, você necessita de uma competência para esse desenvolvimento. De engenharia, de domínio dessas novas tecnologias — e eu acredito que isso será perdido."
Em 2017, a aviação comercial e executiva da Embraer foi responsável por 84% da receita líquida de R$ 18,7 bilhões da companhia. Já a Embraer Defesa e Segurança respondeu por 16% da receita líquida.
Para Barbieri, o acordo não terá um impacto imediatamente nos projetos de defesa como os caças Gripen e o KC-390, mas sim no longo prazo: "O impacto não será hoje nesses projetos, porque eles já estão sendo finalizados e entrando em operação. Mas com certeza daqui a 5,10 ou 20 anos você terá que desenvolver novas gerações de aviões de transporte militar, de caças, e, com isso, você necessita de uma competência para esse desenvolvimento. De engenharia, de domínio dessas novas tecnologias  e eu acredito que isso será perdido."

A opinião de um general
Sputnik Brasil também falou com o general Umberto Andrade. Ele é general de brigada, presidente da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra e Ph.D. pela Universidade da Califórnia, em San Diego.
Andrade diz ter confiança na condução das negociações, mas ressalta que o Brasil faz parte de um seleto grupo: "São poucas as nações que projetam e constroem equipamentos militares avançados, como aviões, navios e caças de combate."
Andrade também relembra um ensinamento do Instituto Militar de Engenharia:
"A história não registra nenhum país considerado potência, ou nação desenvolvida, que tenha tido a sua indústria ou mesmo alguns setores da economia controlados por interesses externos. E isso é verdade particularmente na área de segurança e defesa, portanto o país precisa eleger algumas áreas [como estratégicas]."
Fonte - Sputnik  26/12/2018

sábado, 26 de agosto de 2017

Setor elétrico: às favas os escrúpulos

Opinando  🔍

foto - ilustração
Responder aos graves problemas do setor elétrico brasileiro não está entre os fatores principais que geraram essa proposta.Esse processo que segue acelerado por trás dos cenários da pantomima que se encena irá atingir a todos os agentes do setor. Quando o circo desarmar a sua lona e seguir em diante com seu cortejo de palhaços e feras, deixando para trás as desilusões de praxe, aqueles que ficarem é que terão de limpar a sujeira, como só acontece por essas plagas

Ronaldo Bicalho* - Portogente
O objetivo principal da privatização da Eletrobras é resolver problemas de natureza fiscal do Governo. Responder aos graves problemas do setor elétrico brasileiro não está entre os fatores principais que geraram essa proposta. Não foi para enfrentar as nuvens pesadas que despontam no horizonte elétrico brasileiro que se deu esse movimento, mas para tentar sobreviver à tempestade diária na qual os atuais mandatários do país estão metidos. Aqui, não são os ditames de longo prazo, que tradicionalmente estruturam os grandes movimentos do setor elétrico, que mobilizam as ações, mas o exercício da fé dos desesperados que ao final da jornada murmuram agradecidos: obrigado Senhor por mais um dia.
Portanto, não se deve dar a determinadas propostas um tamanho que elas não têm. Tampouco, levar em conta afirmações de autoridades que não merecem ser levadas em conta. As coisas devem ser avaliadas pelo tamanho que elas têm. O resto é o velho armazém de secos e molhados.
A privatização da Eletrobrás não contribui em nada para resolver os graves problemas do setor elétrico brasileiro. Esses problemas é que deveriam preocupar os gestores do setor elétrico brasileiro; inclusive os representantes dos diversos segmentos da indústria que não conseguem ver um palmo além dos seus interesses específicos. Estreiteza surpreendente vinda daqueles que deveriam conhecer profundamente a natureza sistêmica do seu próprio negócio. No setor elétrico, “estar no mesmo barco” não é um exercício retórico, é um exercício de sobrevivência.
Qualquer análise responsável das perspectivas dos custos no setor elétrico brasileiro deve reconhecer que a tendência de longo prazo é a elevação desses custos. O esgotamento do potencial hidráulico, a redução da capacidade de regularização dos reservatórios, a entrada das térmicas e das novas renováveis empurram os custos para cima. Logo, as pressões para o aumento das tarifas é real e objetiva e, mais importante, estrutural. E isto não é uma exclusividade do setor elétrico brasileiro. O setor elétrico no mundo hoje está metido em uma transição elétrica desafiadora e extremamente incerta a partir da introdução significativa das energias renováveis. Portanto, o que está em tela são desafios estruturais de monta e não uma simplória discussão acerca da supremacia da gestão privada sobre a pública, da vantagem da gestão descentralizada do risco, da vantagem da concorrência sobre o monopólio, e outros tatibitates recauchutados dos anos noventa que fazem a alegria do provincianismo intelectual dos nossos especialistas setoriais, cuja maior ambição, ao que parece, e figurarem como destaques em Caras. O desafio do setor elétrico aqui e no mundo é estratégico, é pra gente grande, é pra país que tem pretensões que vão além de Miami.
Reverter essa tendência estrutural pesada é tarefa que requer uma concepção e ação estratégica que neste momento está completamente ausente nas propostas governamentais colocadas na mesa. Tanto o conjunto de propostas apresentadas pelo MME de aprimoramento do marco legal do setor elétrico(NOTA TÉCNICA Nº 5/2017/AEREG/SE) quanto a privatização da Eletrobrás, ou são esboços incompletos, como é o caso do primeiro, ou atendem a objetivos que nada têm a ver com a real agenda de problemas do setor, como é o caso da segunda.
Neste contexto, é uma falta de respeito à inteligência a argumentação de que a privatização da Eletrobras levará a redução de tarifas via a melhoria de eficiência da gestão privada ou de uma pseuda concorrência que ninguém nem mesmo sabe como vai ocorrer.
Sem contar a mágica de ter que descotizar as usinas para vender os ativos e essa descotização não desembocar em aumento de tarifas, mantendo-se, ao mesmo tempo, a bocarra sedenta do tesouro a uma distância segura dos recursos gerados na privatização em um contexto de desespero fiscal.
Mas devemos ficar todos tranquilos porque há sempre um ilusionista a afirmar que não há custos para a sociedade neste processo. Como na mágica, a bolinha não está em nenhuma das mãos do prestidigitador; ela termina no bolso de quem assiste embasbacado o espetáculo - que ainda aplaude deslumbrado no final a agilidade do artista de colocá-la no bolso do incauto.
Depois de quarenta anos de discussão sobre privatização e liberalização de mercados elétricos, de reformas e desastres - inclusive o apagão brasileiro -, das “novas” reformas “greens”, os argumentos esgrimidos para justificar a atual intervenção do Estado no setor elétrico brasileiro são de um baixo nível que só pode ser explicado pelo estágio de degradação e indigência das instituições que sancionam esse tipo de escárnio travestido de discussão técnica.
Aos enormes desafios da transição elétrica brasileira responde-se com um circo montado para a diversão do mercado financeiro, com seus interesses especulativos de curto prazo, pouco se importando com as enormes consequências do processo de degradação do próprio setor que se encontra claramente em curso.
Esse processo que segue acelerado por trás dos cenários da pantomima que se encena irá atingir a todos os agentes do setor. Quando o circo desarmar a sua lona e seguir em diante com seu cortejo de palhaços e feras, deixando para trás as desilusões de praxe, aqueles que ficarem é que terão de limpar a sujeira, como só acontece por essas plagas.
*Ronaldo Bicalho é professor de Economia e Gestão em Energia
Fonte - Portogente  25/08/2017

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Marina trará desemprego e pobreza

Política


 "A mais recente investida da candidata fantoche do sistema financeiro é a de dar autonomia ao Banco Central. Na prática isso significa introduzir na direção da nossa economia o Fundo Monetário Internacional com suas políticas recessivas e rentistas...." 

Por Wagner Gomes*
Hoje quero conversar com os trabalhadores e trabalhadoras sobre a eleição presidencial. Por isso pergunto: você assinaria um cheque em branco? Porque votar em Marina Silva, candidata dos banqueiros, seria esse voo no escuro. E o Brasil não pode errar mais. Todos se lembram das consequências da eleição de Collor de Melo em 1989.
A mais recente investida da candidata fantoche do sistema financeiro é a de dar autonomia ao Banco Central. Na prática isso significa introduzir na direção da nossa economia o Fundo Monetário Internacional com suas políticas recessivas e rentistas. Segundo a candidata, essa medida seria para controlar a inflação e criar emprego. Ela só não explicou onde pretende criar esses empregos, já que tais medidas levariam o país a uma brutal recessão e consequentemente alto índice de desemprego.
As propostas de Marina estão claramente a serviço do sistema financeiro internacional, ou seja, visam criar emprego sim, mas nos Estados Unidos e Europa à custa do sacrifício da classe trabalhadora brasileira. Não temos tempo para aventuras e muito menos para retrocesso. Tudo o que conquistamos nestes últimos 12 anos não pode parar. Entre outros motivos porque o fim do Bolsa Família, da Política de Valorização do Salário Mínimo, da agricultura familiar, do ProUni, do Fies com juros baixos e do Minha Casa Minha Vida, paralisariam o país.
Sem esquecer o pré-sal que correria sério risco de ser entregue às petrolíferas norte-americanas, o que na prática significaria o fim da maior empresa nacional, a Petrobras, uma das maiores petrolíferas do mundo e em crescimento.
Para o bem do Brasil, as intenções de voto em Marina despencam a cada manifestação da candidata do partido Rede, sob a sigla do PSB. Neste ano, nem a velha mídia está conseguindo esconder totalmente as propostas da candidatura de Marina Silva. O resultado das desastrosas propostas é a queda vertiginosa da candidatura dos banqueiros, grandes empresários e latifundiários, voltado somente par o mercado externo. Todas as pesquisas mostram a vontade dos trabalhadores e trabalhadoras em não andar para trás.
A mais recente pesquisa divulgada neste fim de semana foi a do Ibope, na qual Dilma abriu oito pontos de vantagem sobre Marina. O mais importante, porém é verificar a curva ascendente da presidenta na mesma proporção em que a adversária fundamentalista cai na preferência do eleitorado.
Muito interessante é verificar que a cada divulgação das propostas da candidata do partido Rede a sua intenção de voto despenca, assim como cresce a rejeição à sua candidatura. A candidata dos banqueiros, liderados pela dona do Itaú/Unibanco Maria Alice Setúbal. Não esqueçamos de que Olavo Setúbal foi o banqueiro que liderou uma reunião em São Paulo às vésperas da eleição de Lula em 2002 para tramar golpe de estado e impedir a posse do ex-presidente.
Sempre é bom lembrar, principalmente ao eleitorado mais jovem, as dificuldades vividas pelos trabalhadores e trabalhadoras implorando por uma vaga de trabalho, portanto submetendo-se a péssimas condições de trabalho. Ninguém quer isso de volta. A década de 1990 com o PSDB à frente de uma frente anti-Brasil levou-nos a chamada “década perdida” e a candidatura de Marina juntou todo esse pessoal com o agravante de um atraso secular nas questões sociais e dos direitos individuais.
Com uma vitória de Marina, exceção aos banqueiros e ao sistema financeiro internacional, todos perderiam. Todos os avanços conquistados seriam jogados na lata do lixo e o Brasil voltaria a ser o “quintal” dos Estados Unidos como era na época da ditadura militar. E nesse quintal, os norte-americanos jogavam todo o sue lixo em todos os sentidos.
A mídia elegeu Jânio Quadros em 1960. Resultado disso: golpe militar em 1964 sob comando do governo dos Estados Unidos e o Brasil andou para trás. A velha mídia elegeu Collor em 1989 e o país quase foi à bancarrota em apenas 2 anos. A mídia golpista elegeu Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998 e o Brasil arrebentou submetido ao FMI e aos interesses dos Estados Unidos. A mesma mídia quer eleger Marina Silva com os mesmos propósitos. Só que agora o mundo capitalista vive a maior crise de sua história e eles querem fazer o povo brasileiro apagar o preço dessa crise.
* Wagner Gomes é metroviário e dirigente da CTB.
Fonte - Blog do Miro (Altamiro Borges)  15/09/2014

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Direita tenta usar 'instrumento' para retornar ao poder, diz Boaventura

Política

Sociólogo diz que autonomia brasileira incomoda os EUA. 'Tive o cuidado de ver o programa da Marina e uma das coisas que diz é, no fundo, voltar ao alinhamento do Brasil com os Estados Unidos'

Eduardo Maretti, da RBA 
NECO VARELLA/EFE
São Paulo – A candidata do PSB à presidência da República em 2014, Marina Silva, é um “instrumento” da direita brasileira, que entendeu ser muito difícil voltar ao poder diretamente por meio de uma disputa ideológica entre Dilma Rousseff e Aécio Neves. A opinião é do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos. “A direita descobriu, muito rapidamente, que Aécio Neves não é de forma nenhuma uma alternativa, porque faria uma disputa ideológica entre esquerda e direita.”
Para ele, as forças que “sempre” governaram o Brasil “viram que era mais fácil chegar ao poder sem fazer essa disputa ideológica, utilizando uma terceira pessoa, que combina em sua ambiguidade alguns elementos de esquerda, não pelo que diz hoje, mas pelo que foi."
Boaventura é professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde também dirige o Centro de Estudos Sociais, e da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison. Ele afirma que as propostas neoliberais e de política externa da candidata que herdou a cabeça de chapa do PSB com a morte de Eduardo Campos estão claras em falas e no programa de governo. “Para nós, que viemos da Europa, basta quando vem aquela frase mágica da independência do Banco Central... É a grande marca do modelo neoliberal”, analisa.
Segundo o sociólogo, o programa de política externa de Marina é um retorno ao tradicional alinhamento do Brasil com os Estados Unidos, ou, “fundamentalmente”, voltar ao tempo de Fernando Henrique Cardoso. A lógica da autonomia do governo brasileiro em relação aos Estados Unidos, iniciada no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, os Brics e a criação do banco de desenvolvimento do bloco econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul incomodam os norte-americanos, que tentam, com a Aliança do Pacífico, "neutralizar os Brics."
Boaventura vê as dificuldades políticas e eleitorais dos governos petistas como "frutos de seu êxito". O professor observa, por exemplo, que a juventude constatou que, com a Copa, havia muito dinheiro para algumas coisas e não para outras, o que teria "dramatizado" o erro na distribuição do dinheiro público e desconectado essa parcela da sociedade do sistema político. "De uma vez só, aumentaram 5 mil postos de trabalho para professores nas universidades federais, o que é absolutamente notável, mas isso não foi acompanhado de um investimento na infraestrutura, nos salários dos professores e nos equipamentos das universidades", constata. "Portanto, acho que o governo está a ser vítima de seu êxito, não do fracasso. Só que teve tanto êxito, que criou tanta expectativa, que agora é um pouco difícil não frustrar a expectativa. E a expectativa frustrada é o que traz as pessoas para a rua.
" Leia a entrevista concedida à RBA.
"O presidente Lula alterou as condições de hegemonia no Brasil de tal modo que a direita brasileira, que sempre governou o país, não pode voltar ao poder diretamente. Tem que usar um desvio, e o desvio necessário é buscar alguém que tem um perfil de esquerda para depois instrumentalizá-la. Marina é este instrumento"

Como vê a conjuntura político-eleitoral no Brasil?
Os processos eleitorais, muitas vezes, podem ser orientados por acontecimentos às vezes completamente surpreendentes, como aconteceu com o trágico acidente do Eduardo Campos. E a direita descobriu, muito rapidamente, que Aécio Neves não é, de forma nenhuma, alternativa, porque faria uma disputa ideológica entre esquerda e direita. Eles viram que era mais fácil chegar ao poder sem fazer essa disputa ideológica, utilizando uma terceira pessoa, que combina, em sua ambiguidade, alguns elementos de esquerda, não pelo que diz hoje, mas pelo que foi, pela sua origem.
Penso que essa fulguração de Marina atingiu seu máximo. As pessoas começam a ver os riscos por trás de uma política nova que, afinal, é bastante velha; a ver a fragilidade da Marina com as oscilações perante aqueles que controlam sua campanha e que lhe dão apoio. Começam a ver que o que foi feito neste país foi um êxito extraordinário – não foi completado, tem erros a superar. Continua a haver uma esperança de que, no segundo mandato, a presidente Dilma vá fazer o que se espera de um governo do PT. Ao passo que da Marina Silva, francamente, não há nada a esperar. É só saber ler seu programa. As perspectivas são as políticas neoliberais. Eles (o sistema financeiro) têm e tiveram muitos lucros, mas não os lucros extraordinários que Marina lhes permite, e é por isso que se põem ao lado de Marina.

O senhor escreveu que, com a eleição da Dilma, o Brasil “quis acelerar o passo para se tornar uma potência global”. Esse caminho e o que se conquistou em 12 anos são ameaçados por uma eventual eleição de Marina ou Aécio Neves?
A eleição da Marina Silva é uma ameaça em muitos outros níveis. Penso que o que mudou substancialmente no Brasil, nos últimos 12 anos, e isso é um trabalho notável do presidente Lula, é que ele alterou as condições de hegemonia no Brasil de tal modo que a direita brasileira, que sempre governou este país, não pode voltar ao poder diretamente. Tem que usar um desvio e o desvio necessário é buscar alguém que tem um perfil de esquerda para depois instrumentalizá-la. Marina Silva é, neste momento, esse instrumento. É, portanto, um desvio a que a direita é forçada para conquistar o poder. E a Marina Silva tem dito muito claramente que é isso que vai acontecer.
Para nós, que viemos da Europa, e sabemos muito bem, basta quando vem aquela frase mágica da independência do Banco Central. É a grande marca do modelo neoliberal. Tive o cuidado de ver o programa da Marina Silva e, obviamente, uma das coisas que diz o programa de política externa é, no fundo, voltar ao tradicional alinhamento do Brasil com os Estados Unidos. Relações bilaterais. Fundamentalmente, voltar ao tempo do Fernando Henrique Cardoso.

O fato de o Brasil estar aprofundando as relações com os Brics está incomodando os Estados Unidos a que ponto? Poderia haver interferência norte-americana no processo eleitoral do Brasil, por exemplo?
Não tenho dúvidas. Estou convencido de que, neste momento, os Estados Unidos, confrontados com seu declínio, procuram de várias formas tentar segurá-lo o mais possível. Por um lado, através do tratado de livre comércio que estão a tentar com a Europa e, por outro, voltar à América Latina, não pelas maneiras antigas, que eram as ditaduras e as intervenções militares. Hoje, são outros tipos de intervenções. É um apoio técnico para os acontecimentos extremos, a gestão de protestos sociais graves, distúrbios, perturbações na sociedade, ajudas locais ao desenvolvimento. Os países estão a ficar infestados de pequenas ONGs financiadas pelos Estados Unidos que têm esse objetivo.
Ora bem, os Estados Unidos sabem que o Brasil é uma força ultimamente autônoma. Há uma lógica da autonomia em relação aos Estados Unidos e que não permite a liberalização que eles estão a querer.
Os Estados Unidos estão tentando, com a Aliança do Pacífico, neutralizar os Brics. Só que não têm, de maneira nenhuma, o poder para fazer, porque basta ver quem está na Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, México e Peru) e quem está nos Brics. Portanto, o novo banco do desenvolvimento (dos Brics) é uma alternativa ao Banco Mundial. Como os Estados Unidos dominam o mundo fundamentalmente com o sistema financeiro, porque já não têm capacidade industrial para isso, tudo que seja ameaça ao sistema financeiro do dólar é, para eles, algo muito grave.

O senhor concorda que o governo brasileiro de Lula e Dilma incentivou muito o consumo, mas pouco a cidadania, e que se precisa de menos geladeira e carro e de mais educação e cultura?
Tenho escrito isso. A integração que se fez aqui foi pelo consumo, e não pela cidadania. Portanto, isso teria implicado outras coisas. Por exemplo, que a massificação dos serviços teria que ser compensada com o aumento da qualidade dos serviços para que eles não degradassem.
A juventude viu claramente visto, como diria Camões, que com a Copa havia muito dinheiro para algumas coisas e não para outras, como as universidades, o transporte público etc. Isso dramatizou o erro na distribuição do dinheiro público, naturalmente desconectou a juventude do sistema político.
O governo contra-argumenta dizendo que os investimentos em infraestrutura não tiraram dinheiro da educação, por exemplo, e que investiu em universidades públicas federais o que nunca tinha sido investido no país.
É grande a revolução e não é uma revolução apenas quantitativa que colocou mais jovens nas universidades. É toda a luta pela diversidade cultural, contra o racismo e a discriminação racial contra negros e indígenas no Brasil, todo o sistema de cotas... E a grande revolução democrática que ocorreu nos últimos anos. De uma vez só, aumentaram 5 mil postos de trabalho para professores nas universidades federais, o que é absolutamente notável, mas isso não foi acompanhado de um investimento na infraestrutura, nos salários dos professores e nos equipamentos das universidades. Quando se calcula que vão entrar 50 milhões de pessoas no sistema público de saúde, naturalmente vão querer qualidade. Portanto, acho que o governo está a ser vítima de seu êxito, não do fracasso. Este governo não fracassou de maneira nenhuma. Só que teve tanto êxito que criou tanta expectativa que agora é um pouco difícil não frustrar a expectativa. E a expectativa frustrada é o que traz as pessoas para a rua.
"É possível que iremos assistir a outro tipo de manifestações aqui, na Espanha, Portugal, Itália, já que este é um tempo de manifestações extrainstitucionais que vão dar origem a um certo período de turbulência política nas democracias"

A Constituição brasileira garante o Estado laico. Se Marina Silva se eleger ela ameaçaria a laicidade, por ser evangélica e religiosa?
Seria um retrocesso total. Não é um problema do Estado laico. O Estado inglês é religioso, por exemplo, mas ninguém sabe nem se interessa, precisamente porque as políticas são de total respeito à diversidade religiosa. O que acontece é que os evangélicos, sobretudo, são uma vertente de uma teologia política conservadora e que, portanto, quer interferir na vida pública e a primeira coisa que fazem é nos estilos de vida, é nas orientações sexuais, no aborto e depois por aí afora, nas escolas, na educação religiosa etc.
Veja o espetáculo triste da Marina: por um lado admitir os direitos dos gays e, em 24 horas, ser obrigada a recuar. Isso mostra que ela é realmente um instrumento das forças conservadoras. Não é uma pessoa sustentada por um partido, ao contrário da Dilma. Ela é muito frágil perante aqueles que a apoiam, sejam os blocos religiosos, sejam os blocos políticos do partido socialista ou dos que a acompanham. Portanto, teríamos, com certeza, um retrocesso em um país que, quando teve presença religiosa no passado, era luminosa e progressista, a da Teologia da Libertação. O que está aqui agora não é uma teologia da libertação dos pobres, da luta pela inclusão social, é, ao contrário, aquela que vai punir os gays, as mulheres, o aborto.

O que mudou no Brasil desde as manifestações de junho de 2013?
Não mudou significativamente nada. Claro, o tipo de manifestações que nós temos hoje, a observar não só aqui, mas no mundo em geral, que é uma crise das instituições, que temos que analisar mais globalmente, têm um caráter quase sazonal. São fulgurações, aparecem em um período, ficam latentes em outro e, depois, voltam. Por exemplo, aqui tentaram voltar, de alguma maneira, na altura da Copa, mas não havia condições, no momento, para que elas pudessem ter êxito. Em São Paulo, tem havido uma iniciativa por parte do prefeito para começar a dar uma resposta a algumas das demandas que tenham saído da rua e espera-se que tenha algum resultado.
Fora isso, as questões que estavam em causa eram mais profundas e têm a ver com exclusão social, com uma certa desaceleração das políticas sociais que foram implementadas nos períodos anteriores e que têm a ver com a reforma do sistema político, uma vez que tornou-se clara a desconexão entre o sistema político e os cidadãos. É possível que iremos assistir a outro tipo de manifestações aqui, na Espanha, Portugal, Itália, já que este é um tempo de manifestações extrainstitucionais que vão dar origem a um certo período de turbulência política nas democracias.

Fernando Haddad tem sido bem-sucedido nas respostas?
É claro que governar uma cidade com mais de 10 milhões de habitantes, pouco menos que toda a população de Portugal, não deve ser fácil, mas penso que, no meio de limitações financeiras que, segundo me dizem, são sérias, ele está trabalhando no sentido de valorizar o sistema público de transporte, por exemplo, e tornar a cidade mais acolhedora e inclusiva. É evidente que isso não se faz de um dia para o outro. É evidente que, às vezes, leva a medidas impopulares que custam a reeleição dos políticos, mas esse é o risco que eu penso que Fernando Haddad está a querer assumir.

Como o senhor diferenciaria as manifestações ocorridas no Brasil das que aconteceram na Europa, como na Espanha e Portugal, a partir de 2012, considerando que a crise econômica europeia é mais grave do que a vivida aqui?
Tem pontos em comum e pontos de diferença. No caso do Brasil, estamos vindo de um ciclo ascendente de inclusão social e que, de alguma maneira, parece ter sido bloqueado, o que culminou nas manifestações. Ao passo que, na Europa, tivemos realmente um ciclo de exclusão social bastante contundente e rápido, motivado pela crise econômica e financeira.
"A democracia direta não é utopia, ela é realizável e está se realizando. No fundo, são todos os mecanismos em que os processos de decisão não contemplam a ideia de delegação de poder"
O que elas têm em comum é que qualquer um desses movimentos faz dois apelos que são muito importantes. Um é o apelo a uma democracia real, a ideia de que a democracia que nós temos não serve, não é suficiente para corresponder às nossas aspirações. A distância entre o ideal democrático e a prática democrática é muito grande no nosso tempo.
Em segundo lugar, em ambos os casos, há uma demanda de políticas sociais. No caso da Europa, são as políticas que existiam no âmbito da educação e da saúde públicas e que vêm sendo privatizadas. No caso do Brasil, é uma nova classe média que teve, pela primeira vez, a oportunidade de desfrutar de serviços públicos, educação, acesso à universidade, saúde etc. e que viu que, efetivamente, essa ampliação dos serviços não foi paralela com a manutenção da qualidade.

A democracia direta é realizável ou é uma utopia?
Não, ela não é uma utopia, ela é realizável e está se realizando. No fundo, democracia direta são todos os mecanismos em que os processos de decisão não contemplam a ideia de delegação de poder, portanto, as pessoas decidem coletivamente, em assembleia, os temas que lhe são mais caros. Obviamente, isso tem acontecido, está acontecendo naquilo que hoje se vai chamando zonas libertadas do capitalismo, que são grupos sociais que, em cidades europeias, no México, em Quito, em La Paz, têm moedas locais, e procuram, de alguma maneira, tornar-se independentes do mercado. Eu chamo isso de uma política pré-figurativa, isto é, que prefigura o futuro. Só que em uma escala muito pequena.
A democracia participativa começou no Brasil, aliás, de maneira muito luminosa no final dos anos 1980 com os orçamentos participativos. E seguiram-se depois, no período Lula, sobretudo no primeiro período, com uma série de mecanismos, como conselhos nacionais, conferências nacionais, para além dos orçamentos participativos.

As manifestações no Brasil tiveram dois momentos: o inicial, espontâneo, e um segundo, quando houve uma instrumentalização por forças talvez obscuras. Os movimentos progressistas e até o governo deixaram de aproveitar os aspectos positivos dos protestos?
Não é possível fazer um controle muito fácil de quem está efetivamente conduzindo. Porque, ao contrário dos movimentos sociais, que se identificam, e conhecemos suas bandeiras, líderes e ativistas, não é isso que está nas ruas. É, como digo, uma presença coletiva com nenhum obstáculo de entrada, que pode ter muita mistura. Pode ter provocadores, pode ter provocadores da polícia, como aconteceu. Na Europa, pode ter infiltrações da extrema direita, membros mandados de partidos de oposição. É claro que não é possível limitar isso. Também não penso que a gente possa demonizar as manifestações dizendo que são todas de provocadores, gente de direita etc., não é isso.
Acho que uma resposta boa foi dada logo no início pela presidenta Dilma, que, infelizmente, voltou atrás. Ou seja, uma Assembleia Constituinte. Se realmente é preciso reformar o sistema político, então vamos fazer uma Assembleia Constituinte livre e soberana e, a partir daí, as águas vão se separar e os problemas vão se resolver.
Mas Dilma depende do Congresso na proposta de uma Assembleia Constituinte e o Congresso não encampou, pelo contrário...
Sem dúvida, ela depende do Congresso. Esse sistema permite que o que há de mais progressista na sociedade brasileira tenha que se juntar ao que há de mais reacionário para poder garantir a governabilidade. É uma especificidade brasileira, não encontramos em muitos outros países. Normalmente, as coalizões são, obviamente com matizes, mas dentro do mesmo campo político, direita ou esquerda. Aqui não.
Fonte - RBA ( Rede Brasil Atual)  12/09/2014

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Brasil e Japão assinam 9 acordos de cooperação internacional

Internacional

Acordos contemplam aporte de R$ 700 milhões do Japão para construção de oito cascos para navios de petróleo e projetos agrícolas

Portal Brasil
Nesta sexta-feira (1º), a presidenta da República, Dilma Rousseff, recebeu o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, no Palácio do Planalto, em Brasília, para a cerimônia de assinatura de 9 acordos de cooperação internacional. Os dois países firmaram parceria para facilitar investimentos de pequenas e médias empresas que, somados, devem aportar R$ 700 milhões para construção de oito cascos de navios de petróleo e projetos agrícolas.
Em discurso de aproximadamente 10 minutos, a presidenta saudou Shinzo Abe, "um ilustre amigo", e a recíproca do primeiro-ministro japonês para "fortalecer a cooperação bilateral nos mais diversos campos." Dilma destacou os investimentos da indústria automotiva japonesa no mercado nacional e enalteceu a parceria para desenvolver a indústria naval. Segundo a presidenta, o acordo "dará novo impulso a cooperação bilateral nesse setor e consolida presença japonesa na exitosa experiência brasileira na reconstrução da nossa indústria naval."
"O acordo entre Petrobras, Agência Nexi e Mizou vai permitir construção de novas plataformas para petróleo em alto mar. Promissores investimentos entre Petrobras, para cooperação no estudo de exploração de hidratos de metano, fonte não convencional de gás natural."

Ciência Sem Fronteiras
Os acordos assinados hoje também incluem cooperação na área ambiental relacionadas aos desastres naturais e trocas de informações de ciências do mar, educação e saúde. Durante o discurso, Dilma declarou que os dois países decidiram pela ampliação do número de estudantes no Japão pelo Ciência sem Fronteiras e para a ampliação da oferta de estágios para os bolsistas.
Brasil e Japão também abordaram o papel da Organização das Nações Unidas (ONU) na resolução de conflitos regionais, citando, textualmente, o conflito do Oriente Médio e do leste da Ásia. A visita oficial também pretende estreitar as relações entre o Brasil e o país asiático. Hoje, o Japão é o 2º maior parceiro comercial do Brasil na Ásia e o 6º no mundo.
O primeiro-ministro japonês deve seguir para São Paulo, onde irá se encontrar no sábado (2) com a comunidade nipô-brasileira e empresários locais.
Fonte - Portal Brasil  01/08/2014

terça-feira, 8 de julho de 2014

Pela primeira vez no Brasil, frota movida a etanol gera créditos de CO2

Meio Ambiente


Segundo a empresa que lidera o projeto, a Ecofrotas, um lote inicial de 2.195 créditos voluntários de carbono já foi emitido pela norte-americana Verified Carbon Standard (VCS)— instituição sem fins lucrativos que tem o maior programa global de redução de emissões de gases estufa no mercado voluntário.

RA
Projetos de geração de créditos de carbono a
partir da troca de combustível são comuns em usinas, mas a substituição de derivados de petróleo por biocombustíveis era vista com ressalvas. Agora, pela primeira vez, um programa voltado para a substituição de gasolina por etanol em frotas corporativas de veículos no Brasil conseguiu aprovação para emitir esse mecanismo de desenvolvimento limpo (previsto no Protocolo de Kyoto).
Segundo a empresa que lidera o projeto, a Ecofrotas, um lote inicial de 2.195 créditos voluntários de carbono já foi emitido pela norte-americana Verified Carbon Standard (VCS)— instituição sem fins lucrativos que tem o maior programa global de redução de emissões de gases estufa no mercado voluntário.
De acordo com a Ecofrotas, um segundo lote, de aproximadamente 6 mil créditos, deverá ser lançado em breve. A companhia é a maior gestora de frotas corporativas do país, com cerca de 700 mil carros. No Brasil, um país onde mais de 60% dos carros podem rodar com etanol, a iniciativa pode oferecer a empresas uma opção para reduzir suas pegadas de carbono, ou uma forma de gerar receita extra com a venda dos créditos—ainda que no momento essa última alternativa seja pouco provável de ocorrer, devido aos baixos preços do carbono.
Uma análise de 2010 da agência de Proteção Ambiental norte-americana, disse que a substituição da gasolina pelo etanol de cana-de-açúcar poderia reduzir emissões de dióxido de carbono em 61%.
“Foi um processo complexo, porque não existiam metodologias aprovadas para receber projetos que pudessem gerar créditos a partir da troca de gasolina por etanol”, afirmou Gustavo Somogyi, gerente de Inovação na Ecofrotas, à agência Reuters. “Nós tivemos que criar a metodologia e submetê-la para aprovação no VCS antes de poder ingressar com nosso projeto”, diz.

Discussão polêmica
Projetos de geração de créditos de carbono a partir de troca de combustível são comuns no setor de energia, quando uma usina, por exemplo, substitui um combustível fóssil como carvão por biomassa ou outra fonte de energia renovável. Mas, fazer o mesmo coma troca de derivados de petróleo por biocombustíveis em veículos era algo mais polêmico.
Há críticas de que alguns combustíveis renováveis não teriam credenciais tão verdes, por algumas vezes utilizarem muita energia em sua produção ou por gerarem impactos no uso do solo devido ao aumento do cultivo das matérias-primas. A empresa brasileira à frente do programa, auxiliada por sua parceira, a consultoria paulista Way Carbon, incluiu dados de governos como os dos Estados Unidos e da União Europeia para justificar o programa.
Uma análise de 2010 da agência de proteção ambiental norte-americana, disse que a substituição da gasolina pelo etanol de cana-de-açúcar poderia reduzir emissões de dióxido de carbono em 61%. Uma diretiva da União Europeia diz que essa troca cortaria em 71% as Emissões de CO2.
Fonte - Revista Amazônia  07/07/2014

sábado, 5 de julho de 2014

Dilma lançou Programa de Plataformas do Conhecimento

Educação


A proposta prevê aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para 2% até 2020, a fim de reduzir a distância de países como China, Coreia e Estados Unidos, que nos últimos anos alavancaram os dispêndios nessa área para o desenvolvimento de suas economias.

RA
“Todas as plataformas precisam combinar a 
participação de grupos de excelência em pesquisa e de uma ou mais empresas ou consórcios de empresas, que os representantes da MEI aqui sabem bem que, se não houver um empreendedor para levar ao mercado uma nova tecnologia ou um novo processo produtivo, eles só ficarão na ideia”, analisou a presidenta durante solenidade no Palácio do Planalto.
A proposta prevê aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para 2% até 2020, a fim de reduzir a distância de países como China, Coreia e Estados Unidos, que nos últimos anos alavancaram os dispêndios nessa área para o desenvolvimento de suas economias.
No escopo do programa também estão previstas medidas como atrair profissionais altamente qualificados do exterior para atuarem em subprogramas e dotar as plataformas de regime especial de compra e contratação de pessoas. De acordo com o presidente da Finep, Glauco Arbix, “a ideia é lançar editais públicos para dar conta da demanda de interesse nacional.
- Toda nossa preocupação é preparar as bases para a gente dar um salto na CT&I no Brasil. O pressuposto disso é que nós não podemos fazer mais do mesmo. Com isso, acredito que o país se coloca no mesmo patamar dos principais países no mundo hoje - disse o presidente. Veja o video em:  - http://blog.planalto.gov.br/assunto/plataformas-do-conhecimento/ -
O projeto será executado com apoio de instituições governamentais, como Finep, BNDES, e ministérios.
Fonte - Revista Amazônia  04/07/2014

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Datafolha: Dilma alcança 38%, Aécio 20% e Campos 9%



Política

Foto - Montagem | Ag. A TARDE
Os três candidatos cresceram na pesquisa Datafolha de julho -  A petista alcançou o percentual de 38%.

Paula Pitta - A Tarde
A presidente Dilma Rousseff (PT) cresceu nas pesquisas de intenção de votos divulgadas pela Datafolha na noite desta quarta, 2. A petista alcançou o percentual de 38%. No início de junho, ela tinha 34%. Os outros principais pré-candidatos também apresentaram alta: o senador Aécio Neves (PSDB) passou de 19% para 20% e o ex-governador Eduardo Campos (PSB) de 7% para 9%.

Esse crescimento reflete o número de entrevistados que disseram não saber em quem votar ou que não responderam a pesquisa, que passou de 13%, em junho, para 11%, em julho. Já o percentual dos que optaram por votar em branco ou nulo passou de 17% para 13%.
Segundo turno
Apesar de ter crescido quatro pontos em relação a última pesquisa, percentual superior ao conquistado por seus principais adversários (Aécio teve 1% e Campos 3%), os números do Datafolha indicam que a petista está "perdendo terreno". Isso porque a diferença dela para todos os outros concorrentes juntos diminuiu. Em junho, Dilma tinha 34% dos votos contra 32% dos demais. Agora, eles estão empatados com 38%. Esse resultado indica o crescimento da possibilidade de segundo turno.
Simulações de confrontos no segundo turno indicam que Dilma vence tanto do senador Aécio Neves, quanto do ex-governador Eduardo Campos. No primeiro cenário, a petista venceria por 46% a 39%. No outro, por 48% a 35%.
Regiões
O sexo ou idade do eleitores apresentaram pouca influência na intenção de voto em Dilma, de acordo com o Datafolha. Mas houve variação em relação à região, renda e escolaridade. Dilma lidera nas cinco regiões, mas a petista continua obtendo melhor desempenho no Nordeste, onde tem 55% das intenções de votos (um crescimento de 7% em relação ao último levantamento). No Sudeste, ela obteve 28% das intenções de votos, empatada com Aécio.
Ela também tem melhor resultado entre os mais pobres e menos escolarizados. Ela alcança o percentual de 45% no grupo das famílias que têm até dois salários mínimos e 26% nas que têm entre cinco e dez salários.
Analisando a escolaridade dos entrevistados, a petista apresenta 47% das intenções de votos de quem tem ensino fundamental e 25% de quem possui ensino superior.
O levantamento foi realizado entre os dias 1 e 2 de julho, entrevistando 2.857 eleitores em 177 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Confira o resultado da pesquisa Datafolha:

- Dilma Rousseff (PT): 38%
- Aécio Neves (PSDB): 20%
- Eduardo Campos (PSB): 9%
- Pastor Everaldo (PSC): 4%
- José Maria (PSTU): 2%
- Eduardo Jorge (PV): 1%
- Mauro Iasi (PCB): 1%
- Luciana Genro (PSOL): 1%
- Eymael (PSDC): 0%
- Levy Fidelix (PRTB): 0%
- Brancos/nulos/nenhum: 13%
- Não sabe: 11%
Fonte - A Tarde  03/07/2014

segunda-feira, 12 de maio de 2014

EUA SE PREPARAM PARA ESMAGAR OS BRICS

O mundo

Bases da OTAN cercando a Rússia e a China
(Clique na imagem para aumentar)
Nos últimos anos de mandato, Obama se prepara para esmagar o grupo BRICS
Por Wayne Madsen, da "Strategic Culture Foundation" (EUA), com o título original “Obama prepares to smash BRICS during his last few years in office”. Artigo traduzido por "mberublue" e postado no "Redecastorphoto"





Wayne Madsen
"A acumulação de forças aéreas e terrestres pela OTAN ao longo da fronteira russa no leste europeu e a viagem de poder e influência do presidente Barack Obama à Ásia tem um único objetivo. As forças visíveis e invisíveis que comandam de fato e ditam a política aos fantoches em Washington, Londres, Paris, Bruxelas, Berlim e outras capitais vassalas decidiram esmagar o grupo BRICS – o emergente e poderoso bloco financeiro que engloba Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
As discussões bilaterais e multilaterais entre os cinco poderes econômicos emergentes, destinadas a dissociar as economias BRICS do dólar americano como moeda de reserva e comércio vão de encontro ao único poder que Washington pode reunir a favor tanto de si mesmo quanto de seus naufragantes aliados – a força militar.Os problemas entre Ucrânia e Rússia sobre Crimeia e federalismo são apenas uma máscara da qual Obama se serve para disfarçar suas verdadeiras intenções, que são a pulverização do grupo BRICS como uma alternativa viável para o sistema neocolonialista do ocidente e a total submissão das economias BRICS aos caprichos de Washington e de seus cambaleantes vassalos da União Européia.
O G8, que suspendeu a Rússia de seu quadro de membros, e a "Organização Mundial do Comércio" [OMC], da qual a Rússia atualmente é membro, nunca tiveram interesse em livre comércio e políticas econômicas comuns. Pelo contrário, sempre engendraram trapaças nas salas dos fundos, com banqueiros e membros da Comissão Trilateral (Troika) e Bilderberg Group [1] que sempre quiseram e pensaram a dominação do mundo por uma única superpotência. Desde o colapso do Império Britânico depois do fim da Segunda Grande Guerra Mundial, essa superpotência tem sido os Estados Unidos.

O grupo BRICS está se livrando de sua dependência em relação ao dólar como moeda de comércio e reserva, mas não se trata apenas disso: essa atitude torna o dólar americano, já inútil devido às práticas de manipulação financeira do "Federal Reserve Bank" dos Estados Unidos ainda mais fraco, dado que a Rússia e China estão negociando e fazendo reservas em suas próprias moedas, respectivamente o rublo e o Yuan. Fazem planos para futuramente tornar realidade a embrionária "União Econômica da Eurásia", um contraponto à superdimensionada e corrupta União Europeia, para adotar, por volta de 2025, uma unidade monetária, que se chamará “altyn” independente do dólar e do euro. Tais planos deixaram banqueiros e globalistas do ocidente extremamente nervosos e o resultado foi vermos o aumento das forças militares dos Estados Unidos e do Ocidente nas fronteiras russas na Europa e nas águas territoriais da China no extremo oriente.
Os neoconservadores que dominam o aparato político em Washington, Bruxelas, Londres, Paris e Berlim, elaboraram um método arriscado para provocar a queda do grupo BRICS. O que o serviço de inteligência dos Estados Unidos e seus pares ocidentais planejam contra o grupo BRICS é exatamente a mesma coisa da qual acusam a Rússia de fazer na Ucrânia: o financiamento de grupos separatistas com a intenção de desintegrar a unidade nacional das nações BRICS. No que concerne às agências de inteligência, o grupo BRICS tem duas escolhas: continuar empenhado na incrementação do coletivo como alternativa à dominação ocidental e ver a possibilidade de dissolução de suas nações ou jogar a toalha e render-se às imposições da CIA, aos centuriões de Wall Street e aos juniores das “parceiras” em Londres, Paris e Berlim.
Ao mesmo tempo em que o G7 e a União Europeia apertam cada vez mais as sanções impostas à Rússia, volta-se a falar sobre o status do enclave báltico da Rússia em Kaliningrado, uma zona de economia especial da Rússia, encravada entre duas nações da OTAN, Polônia e Lituânia. Kaliningrado, que já fez parte da província germânica da Prússia Oriental, é a sede da frota russa do Báltico. Na Alemanha e na OTAN, há elementos que gostariam de ver a Rússia não apenas perder seu Quartel General da frota do Mar Negro na Crimeia como da sua frota do Mar Báltico em Kaliningrado.
"The Baltic Times", que segue a linha de pensamento da "Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade /George Soros/CIA", já publicou um artigo onde sugere o bloqueio de Kaliningrado pela OTAN, ou Konigsberg (antigo nome de Kaliningrado quando do domínio da Prússia Oriental) como é cada vez mais chamado pela propaganda ocidental midiática, a menos que a Rússia se retire da Crimeia. Em 28 de abril, foi publicado o seguinte texto no web site do jornal "The Baltic Times":
Por que não bloquear Kaliningrado pelo Mar Báltico e assentar tropas em toda a sua fronteira? Isso retiraria Kaliningrado da esfera russa, dando à OTAN uma forte carta a ser jogada na demanda do retorno da Crimeia à Ucrânia e deteria todos os esforços da Rússia para a invasão do leste do país.
Enclave da Russia de Kaliningrado entre a Polônia e a Lituânia
 (clique na imagemm para aumentar)
A "Al Jazeera", rede de “notícias” dominada pelo principado da aristocracia do Qatar, insinuou a noção de que o ocidente poderia tentar a reintegração de Kaliningrado à Alemanha, pela simples invalidação dos termos do Tratado de Potsdam que, em 1945, foi assinado pelos líderes da URSS, dos Estados Unidos e da Grã Bretanha.
Kaliningrado não é a única porção da Rússia para a qual o imperialismo da OTAN e seus companheiros de aventuras, países como a Finlândia e a Turquia lançam olhares cobiçosos. Os finlandeses estão de olho na Karelia (região fronteiriça entre Rússia e Finlândia), perdida para a URSS depois que a Finlândia se aliou aos nazistas alemães na Segunda Grande Guerra. Os nacionalistas da Pan-Turquia estão atentos ao que acontece nas repúblicas muçulmanas autônomas no Cáucaso, assim como ao interior de repúblicas como o Tartaristão e Bascortostão. Não há nenhuma dúvida de que, há longo tempo, a Turquia provê armas e outros tipos de apoio aos chechenos, daguestãos, inguches e outros grupos terroristas em ação na região do Cáucaso russo.
Entretanto, na Ásia, não se trata de coincidência que a dança da guerra de Obama através do Japão, Coreia do Sul, Filipinas e Malásia tenha se associado a mais um ataque terrorista dos fundamentalistas uigures na "Região Autônoma de Xinjiang-Uigur", território chinês de maioria muçulmana. Os terroristas uigures, que recebem financiamento da CIA e apoio propagandístico através do "Serviço Uigur da Rádio Ásia Livre", esfaquearam passageiros de trens numa estação da Capital da região de Urumqi. Os terroristas explodiram uma bomba entre a estação de trens e um ponto de ônibus, matando três e ferindo pelo menos 80 pessoas. Em março, um atentado similar numa estação ferroviária na província de Yunam, no sul da China, matou 29. O ataque de Urumqi seguiu-se a poucas horas da visita do presidente Xi Jinping à região de Xinjiang.
Presidente Xi Jinping em sua visita a província
de Xinjiang em 3/5/2014 
Não há dúvida que a CIA, e Obama, que para a agência de inteligência é um mero fantoche, assim como sua mãe, seu padrasto e seus avós maternos, está executando um esquema prévio para brecar os membros do grupo BRICS através do apoio a separatistas e irredentistas em cada estado membro dos países BRICS.
A Índia, com a multiplicidade de seus grupos étnicos, línguas e religiões, talvez seja hoje o alvo favorito para as operações da CIA de apoio a secessionistas. As operações da CIA se concentram nos Sikhs do Punjab, muçulmanos na Cashemira e Tâmeis no Sul.
[Na África do Sul,] o "Partido do Cabo", um sombrio novo partido ao qual não se sabe quem financia, exige que a província sul africana de Western Cape (Cabo Ocidental, província situada no extremo sul da áfrica do Sul) se torne a República do Cabo. O partido já peticionou às Nações Unidas para que declare a província como um território sem governo autônomo da África do Sul, passível de eleições para a independência. Caso o Serviço de Inteligência da África do Sul rastreie o financiamento do partido, identificará de maneira clara as impressões digitais da CIA.
Depois que as relações entre o Brasil e Estados Unidos azedaram em consequência das revelações da espionagem efetuada pela NSA sobre a Presidenta Dilma Rousseff e altos funcionários brasileiros, houve novos incentivos para a independência de três estados do sul do Brasil: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná tornar-se-iam a “República dos Pampas”. O movimento separatista ganhou popularidade entre europeus brancos nos três estados nos idos de 1990, particularmente entre descendentes de alemães e judeus com idéias antirracistas, mas feneceu depois que lideranças realmente oposicionistas assumiram o poder no Brasil [a partir de 2003].
Espionagem dos EUA sobre o Brasil e até
contra a presidenta Dilma Rousseff 
No entanto, com as relações entre Brasil e Estados Unidos no seu ponto historicamente mais baixo e com a hostilidade manifesta dos EUA contra o grupo BRICS, os secessionistas reapareceram com novo ímpeto.
Ao tentar esmagar o grupo BRICS, Washington e seus lacaios estão brincando com fogo. Tendo em mente que China, Rússia e Índia são potências nucleares, e com o Brasil emergindo de forma poderosa, o ocidente está brincando de roleta russa com uma arma cujo gatilho é nuclear."

Nota do tradutor:
[1] Grupo não oficial que se reúne anualmente, composto de 130 convidados, geralmente grandes personalidades empresariais, acadêmicas, políticas ou midiáticas. Criticado por ser aético, elitista e por práticas antidemocráticas.
FONTE: escrito por Wayne Madsen, da "Strategic Culture Foundation" (EUA), com o título original “Obama prepares to smash BRICS during his last few years in office”. Artigo traduzido por "mberublue" e postado por Castor Filho em seu blog "Redecastorphoto" (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/05/nos-ultimos-anos-de-mandato-obama-se.html).
O autor do artigo, Wayne Madsen, é jornalista investigativo, autor e colunista. Tem cerca de vinte anos de experiência em questões de segurança. Como oficial da ativa, projetou um dos primeiros programas de segurança de computadores para a Marinha dos EUA. Tem sido comentarista frequente da política de segurança nacional na "Fox News" e também nas redes ABC, NBC, CBS, PBS, CNN, BBC, Al Jazeera, Strategic Culture e MS-NBC. Foi convidado a depor como testemunha perante a Câmara dos Deputados dos EUA, o Tribunal Penal da ONU para Ruanda, e num painel de investigação de terrorismo do governo francês. É membro da "Sociedade de Jornalistas Profissionais" (SPJ) e do "National Press Club". Reside em Washington, DC.
Postado por Política
Fonte - Democracia e Política  09/05/20143