sexta-feira, 6 de abril de 2012

Trem "fast food"

SINFERP
Para sorte de governantes, nosso povo costuma ser embalado pelo espírito do “já foi pior” ou “melhorou”. Não é diferente com os trens que servem nossa gente “periférica”, “suburbana”.Se o trem não quebra no caminho, é lucro. Se ele chega à plataforma, é lucro. Se nele embarca - ainda que sufocado -, é lucro. O que o usuário deseja, por ele, dizem, é apenas cumprir compromisso de horário. Ao menos no emprego, - sabe-se -, o atraso explicado por problema com condução é tido como “desculpa”. “Saísse mais cedo, oras.”Se a estação tem ou não escadas rolantes, sanitários decentes, sinalização adequada ou segurança primorosa, pouco importa. Usuário de trens suburbanos, - pelo que se imagina -, não contempla, não idealiza, não sonha. Ao exemplo de quase tudo em sua vida, as coisas são avaliadas pela utilidade, pela serventia meramente primária. Tendo e podendo pagar, é lucro. Nessa medida, o trem está sendo gerenciado pelo princípio das lojas R$ 1,99. Pena que o valor da tarifa não seja o mesmo.É a consciência dessa vida mecânica dos usuários – ou o interesse de que ela assim continue - que anima os planos mesquinhos dos governos. Se existem estações e trens, está tudo de bom tamanho. Vão reclamar do que? Os trens novos têm ar condicionado. Até mordomia. Afinal, apenas passageiros, apenas de passagem, e quanto mais depressa entrarem e saírem do sistema, melhor. Lógica de restaurante self service, onde a fila anda, e a gente come as pressas para desocupar a mesa. “Circulando, gente, circulando!”Enquanto estivermos sob a influência de ideólogos da operacionalidade rasa, que façam dos trens apenas o atendimento de necessidades básicas, primárias, primitivas, sem a menor dimensão de que o tempo de percurso é tempo de vida, tudo continuará do jeito que está. Trem de primeira para as camadas exigentes, e trem de segunda para as camadas conformadas com o “já foi pior”. Afinal, “melhorou”.Há hoje uma grita pela relação de oferta de trens com o cumprimento de horário de trabalho dos usuários. O que tais defensores não estão enxergando, é que estão dimensionando os trens metropolitanos exclusivamente como veículos de interesse para as atividades econômicas, e nada mais. Transportam apenas carga, que por acaso é humana. - Rogério Centofanti – Consultor do SINFERP (Sindicato dos Ferroviários de Trens de Passageiros da Sorocabana)
Fonte -  SINFERP - via hotmail  - São Paulo Trem Jeito 06/04/20012

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