sábado, 5 de janeiro de 2013

Ferrovia: condenada pelo progresso?‏

Algumas informações técnicas sobre o FILME e o seu momento em que foi produzido (1964).
A. Pastori.1 - O filme é do INCE-Instituto Nacional do Cinema Educativo(?), produzido pela Atlântida Filmes, a pedido do MEC e o Ministério da Viação, que não é citado. Lembren-se que, naquela década a industria automobilistica, recém instalada no Brasil, precisava consolidar-se.
2 - Os primeiros 8 minutos contém tomadas feitas na extinta E. F. Maricá, que ia de Niterói (Neves) até Cabo Frio, com 158 km. Se a linha fosse preservada, um moderno Trem Regional faria essa viagem até Cabo Frio em menos de duas horas. Hoje esse percurso rodoviário pode levar mais de 4 horas, sobretudo nos finais de semana e feriados.
3 - Na altura dos 8':15" do filme, temos uma belíssima surpresa, com raras imagens do trecho a cremelheira da Serra de Petrópolis (erradicada em 1964), com passagem pelas estações Raiz da Serra, Meio e Alto da Serra. Observem a passagem do trem pelo centenário Viaduto da Grota Funda, teimosamente de pé até hoje. Esse trecho está totalmente ocupado, e a reativação dessa ferrovia só depende da vontade política de resolver essa questão das ocupações, que será cobrada insistentemente por nós dos atuais prefeitos de Petrópolis, Rubens Bomtempo, e Magé, Nestor Vidal.
4 - A imagem final do filme é emblemática: um trem cargueiro da até hoje eficientíssima E. F. Vitória-Minas transportando minério de ferro. Essa ferrovia é a única que vem fazendo o transporte diário de passageiros entre essas duas capitais.
5 - Estatísticas: a promessa de erradicar os ramais anti econômicos - foram mais de 10 mil km - para investir em rodovias, resultou no seguinte quadro atual: dos 1.600.000 km de rodovias existentes hoje no País, apenas 200 mil km (12,5% do total) são mal e porcamente pavimentadas; destes 200 mil km pavimentados temos somente 64 mil km de rodovias federais, ou seja, apenas 31%. Essas rodovias nos cobram, além do frete elevado, um pedágio social em termos de desperdício na queima de combustível fóssil não renovável, poluição, acidentes, perdas materiais e humanas, aumentando o que se convencionou de chamar custo da infraestrutura ineficiente, ou custo Brasil.
6 - Para compensar esse atraso, o governo federal investe bilhões e bilhões em novas rodovias e ferrovias, em projetos "emPACados" que andam no ritmo da velha Maria-fumaça. Por sinal, hoje a velocidade média dos nossos modernos automóveis nas grandes Regiões Metropolitanas é muito inferior a velocidade média da "Baroneza", primeira locomotiva a vapor que rodou em solo brasileiro a 32 km/h, e isso foi há mais de 160 anos atrás! Evoluímos?
7 - A maquiavélica estratégia do governo Federal à época, foi deixara o doente atingir o estado terminal para justificar a desmontagem da RFFSA. É claro que havia muito obsoletismo, ineficiência humana e material, mas hoje percebe-se que foi um grande desperdício de RH e Ativos não repensar, naquela época, um modelo para revitalizar e modernizar a Rede.
8 - Esse desperdício poderia ter sido minimizado, por exemplo, se alguns os ramais ferroviários antieconômicos, ao invés de serem erradicados, fossem preservados (retirar os trilhos foi uma imbecilidade sem precedentes) com os trilhos sendo vendidos a preço de sucata. Existem ainda antigos trechos belíssimos, com paisagens de tirar o fôlego, mas que hoje são somente acessíveis por utilitários 4X4.
9 - Idem, idem, com o material rodante. Se fossem preservados, estariam novamente na ativa servindo como TrensTurísticos e/ou Regionais, contribuindo para reduzir essa carnificina diária nas rodovias, gerando emprego e renda através do Turismo e preservando milhares de estações centenárias abandonadas relegadas ao esquecimento.
Por fim, não deixem de ler o texto abaixo, pois ele explica um pouco do "modus pensanti " da época, que aplaudiu de pé a morte do trem de passageiros, preferindo ficar horas e horas engarrafados nas estradas ou, pior, envolver-se em acidentes estatisticamente cada vez mais frequentes.
Fonte - CFW SUL DE MINAS 05/01/2013
Veja mais - A PROVA DO CRIME - Como mataram as nossas Ferrovias

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